sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Orientação Pastoral Sobre o Aborto (Israel Belo de Azevedo)

Segue a baixo excelente abordagem do tema Aborto. Dr Israel de Azevedo é teólogo, filósofo, escritor e pastor batista. Vale assistir e divulgar este vídeo



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Valor de Uma Boa Amizade



“... mas há amigos mais chegados que um irmão.” Provérbios 18.24
 
Desde pequenos aprendemos que não estamos sozinhos no mundo. Há outros na família, no bairro, na escola e em muitos outros lugares do mundo. Os outros são na verdade parte da nossa vida. Como imaginar-se vivendo sem ninguém por perto? Desses outros no mundo alguns se tornam amigos, nossos amigos. Quem não os tem cria um de faz de contas, pois um amigo faz nossa vida melhor. (isso me faz lembrar o filme “o naufrago”).

O amigo de verdade gosta da gente. E às vezes nem se entende a razão deste gostar. Mas ser amigo é ser companheiro, é prestar socorro quando necessário; é sorrir quando o outro está alegre, mas é também chorar quando o outro está chorando. Ser amigo é se importar e até mesmo se incomodar quando algo não está bem.

A amizade pode ser comparada com uma flor. Por mais bela e perfumada que possa se apresentar carece de cultivo e trato. Mantemos boas amizades quando cultivamos bons relacionamentos e retiramos de nós sentimentos e atitudes más que prejudicam a aproximação e permanência dos outros por perto.

Um amigo faz nossa vida melhor. Deus nos dá a oportunidade de termos amigos no decorrer de nossa vida. Se amizade pode se comparar a uma flor, muitos amigos formam então um jardim. A propósito quantas flores existem no seu jardim da amizade?

As vezes boas amizades são perdidas por falta de cuidado e investimento. Lembrou de alguém? Vai, vale a pena investir.

Só mais uma coisa: não esperemos unicamente por bons amigos, sejamos o bom amigo para alguém.


Pastor Adilson Toledo



sábado, 24 de julho de 2010

Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil

STBSB tem sido uma benção a mais de cem anos não só para os batistas brasileiros como a extrangeiros e membros de outras igrejas evangélicas. Vale a pena conhecê-lo.
Prédio de Teologia em destaque
Biblioteca e Capela em visão noturna
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Grande Biblioteca com obras raras


Visite:

http://www.seminariodosul.com.br/site/

veja:
http://www.youtube.com/watch?v=poMez-3I8h8





Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira

INTRODUÇÃO


Os discípulos de Jesus Cristo que vieram a ser designados pelo nome batista se caracterizavam pela sua fidelidade às Escrituras e por isso só recebiam em suas comunidades, como membros atuantes, pessoas convertidas pelo Espírito Santo de Deus. Somente essas pessoas eram por eles batizadas e não reconheciam como válido o batismo administrado na infância por qualquer grupo cristão, pois, para eles, crianças recém-nascidas não podiam ter consciência de pecado, regeneração, fé e salvação. Para adotarem essas posições eles estavam bem fundamentados nos Evangelhos e nos demais livros do Novo Testamento. A mesma fundamentação tinham todas as outras doutrinas que professavam. Mas sua exigência de batismo só de convertidos é que mais chamou a atenção do povo e das autoridades, daí derivando a designação “batista” que muitos supõem ser uma forma simplificada de “anabatista”, “aquele que batiza de novo”.

A designação surgiu no século 17, mas aqueles discípulos de Jesus Cristo estavam espiritualmente ligados a todos os que, através dos séculos, procuraram permanecer fiéis aos ensinamentos das Escrituras, repudiando, mesmo com risco da própria vida, os acréscimos e corrupções de origem humana.

Através dos tempos, os batistas se têm notabilizado pela defesa destes princípios:

1º) A aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta.

2º) O conceito de igreja como sendo uma comunidade local democrática e autônoma, formada de pessoas regeneradas e biblicamente batizadas.

3º) A separação entre igreja e estado.

4º) A absoluta liberdade de consciência.

5º) A responsabilidade individual diante de Deus.

6º) A autenticidade e apostolicidade das igrejas.

Caracterizam-se também os batistas pela intensa e ativa cooperação entre suas igrejas. Não havendo nenhum poder que possa constranger a igreja local, a não ser a vontade de Deus, manifestada através de seu Santo Espírito, os batistas, baseados nesse princípio da cooperação voluntária das igrejas, realizam uma obra geral de missões, em que foram pioneiros entre os evangélicos nos tempos modernos; de evangelização, de educação teológica, religiosa e secular; de ação social e de beneficência. Para a execução desses fins, organizam associações regionais e convenções estaduais e nacionais, não tendo estas, no entanto, autoridade sobre as igrejas; devendo suas resoluções ser entendidas como sugestões ou apelos.

Para os batistas, as Escrituras Sagradas, em particular o Novo Testamento, constituem a única regra de fé e conduta, mas, de quando em quando, as circunstâncias exigem que sejam feitas declarações doutrinárias que esclareçam os espíritos, dissipem dúvidas e reafirmem posições. Cremos estar vivendo um momento assim no Brasil, quando uma declaração desse tipo deve ser formulada, com a exigência insubstituível de ser rigorosamente fundamentada na palavra de Deus. É o que faz agora a Convenção Batista Brasileira, nos 19 artigos que seguem:


I- Escrituras Sagradas

A Bíblia é a palavra de Deus em linguagem humana. 1 É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens.2 Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo.3 Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes, e promover a glória de Deus.4 Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina.5 Revela o destino final do mundo e os critérios pelo qual Deus julgará todos os homens.6 A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas as doutrinas e a conduta dos homens.7 Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo.8

1 Sl 119.89; Hb 1.1; Is 40.8; Mt 24.35; Lc 24.44,45; Jo 10.35; Rm 3.2; 1Pe 1.25; 2Pe 1.21

2Is 40.8; Mt 22.29; Hb 1.1,2; Mt 24.35; Lc 24.44,45; 16.29; Rm 16.25,26; 1Pe 1.25

3 Ex 24.4; 2Sm 23.2; At 3.21; 2Pe 1.21

4 Lc 16.29; Rm 1.16; 2Tm 3.16,17; 1Pe 2.2; Hb 4.12; Ef 6.17; Rm 15.4

5 Sl 19.7-9; 119.105; Pv 30.5; Jo 10.35; 17.17; Rm 3.4; 15.4; 2Tm 3.15-17

6 Jo 12.47,48; Rm 2.12,13

7 2Cr 24.19; Sl 19.7-9; Is 34.16; Mt 5.17,18; Is 8.20; At 17.11; Gl 6.16; Fp 3.16; 2Tm 1.13

8 Lc 24.44,45; Mt 5.22,28,32,34,39; 17.5; 11.29,30; Jo 5.39,40; Hb 1.1,2; Jo 1.1,2,14


II- Deus

O único Deus vivo e verdadeiro é Espírito pessoal, eterno, infinito e imutável; é onipotente, onisciente, e onipresente; é perfeito em santidade, justiça, verdade e amor.1 Ele é o criador, sustentador, redentor, juiz e Senhor da história e do universo, que governa pelo seu poder, dispondo de todas as coisas, de acordo com o seu eterno propósito e graça.2 Deus é infinito em santidade e em todas as demais perfeições.3 Por isso, a ele devemos todo o amor, culto e obediência.4 Em sua triunidade, o eterno Deus se revela como Pai, Filho e Espírito Santo, pessoas distintas mas sem divisão em sua essência.5

1 Dt 6.4; Jr 10.1; Sl 139; 1Co 8.6; 1Tm 2.5,6; Ex 3.14; 6.2,3; Is 43.15; Mt 6.9; Jo 4.24; 1Tm 1.17; Ml 3.6; Tg 1.17; 1Pe 1.16,17

2 Gn 1.1; 17.1; Ex 15.11-18; Is 43.3; At 17.24-26; Ef 3.11; 1Pe 1.17

3 Ex 15.11; Is 6.2; 57.15; Jó 34.10

4 Mt 22.37; Jo 4.23,24; 1Pe 1.15,16

5 Mt 28.19; Mc 1.9-11; 1Jo 5.7; Rm 15.30; 2Co 13.13; Fp 3.3


1- Deus Pai

Deus, como Criador, manifesta disposição paternal para com todos os homens.1 Historicamente ele se revelou primeiro como pai ao povo de Israel, que escolheu consoante os propósitos de sua graça.2 Ele é Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem enviou a este mundo para salvar os pecadores e deles fazer filhos por adoção.3 Aqueles que aceitam a Jesus Cristo e nele crêem são feitos filhos de Deus, nascidos pelo seu espírito, e, assim, passam a tê-lo como Pai celestial, dele recebendo proteção e disciplina.4

1 Is 64.8; Mt 6.9; 7.11; At 17.26-29; 1Co 8.6; Hb 12.9

2 Ex 4.22,23; Dt 32.6-18; Is 1.2,3; 63.16; Jr 31.9

3 Sl 2.7; Mt 3.17; 17.5; Lc 1.35; Jo 1.12

4 Mt 23.9; Jo 1.12,13; Rm 8.14-17; Gl 3.26; 4.4-7; Hb 12.6-11


2- Deus Filho

Jesus Cristo, um em essência com o Pai, é o eterno Filho de Deus.1 Nele, por ele e para ele, foram criadas todas as coisas.2 Na plenitude dos tempos ele se fez carne, na pessoas real e histórica de Jesus Cristo, gerada pelo Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, sendo, em sua pessoa, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.3 Jesus é a imagem expressa do seu Pai, a revelação suprema de Deus ao homem.4 Ele honrou e cumpriu plenamente a lei divina e revelou e obedeceu toda a vontade de Deus.5 Identificou-se perfeitamente com os homens, sofrendo o castigo e expiando a culpa de nossos pecados, conquanto ele mesmo não tivesse pecado.6 Para salvar-nos do pecado, morreu na cruz, foi sepultado e ao terceiro dia ressurgiu dentre os mortos e, depois de aparecer muitas vezes a seus discípulos, ascendeu aos céus, onde à destra do Pai, exerce o seu eterno sumo sacerdócio.7 Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens e o único e suficiente Salvador e Senhor.8 Pelo seu Espírito ele está presente e habita no coração de cada crente e na igreja.9 Ele voltará visivelmente a este mundo em grande poder e glória, para julgar os homens e consumar sua obra redentora.10

1 Sl 2.7; 110.1; Mt 1.18-23; 3.17; 8.29; 14.33; 16.16,27; 17.5; Mc 1.1; Lc 4.41; 22.70; Jo 1.1,2; 11.27; 14.7-11; 16.28

2 Jo 1.3; 1Co 8.6; Cl 1.16,17

3 Is 7.14; Lc 1.35; Jo 1.14; Gl 4.4,5

4 Jo 14.7-9; Mt 11.27; Jo 10.30,38; 12.44-50; Cl 1.15,19; 2.9; Hb 1.3

5 Is 53; Mt 5.17; Hb 5.7-10

6 Rm 8.1-3; Fp 2.1-11; Hb 4.14,15; 1Pe 2.21-25

7 At 1.6-14; Jo 19.30,35; Mt 28.1-6; Lc 24.46; Jo 20.1-20; At 2.22-24; 1Co 15.4-8

8 Jo 14.6; At 4.12; 1Tm 2.4,5; At 7.55,56; Hb 4.14-16; 10.19-23

9 Mt 28.20; Jo 14.16,17; 15.26; 16.7; 1Co 6.19

10 At 1.11; 1Co 15.24-28; 1Ts 4.14-18; Tt 2.13


3- Deus Espírito Santo

O Espírito Santo, um em essência com o Pai e com o Filho, é pessoa divina.1 É o Espírito da verdade.2 Atuou na criação do mundo e inspirou os homens a escreverem as Sagradas Escrituras.3 Ele ilumina os homens e os capacita a compreenderem a verdade divina.4 No dia de Pentecostes, em cumprimento final da profecia e das promessas quanto à descida do Espírito Santo, ele se manifestou de maneira singular, quando os primeiros discípulos foram batizados no Espírito, passando a fazer parte do Corpo de Cristo que é a Igreja. Suas outras manifestações, constantes no livro Atos dos Apóstolos, confirmam a evidência de universalidade do dom do Espírito Santo a todos os que crêem em Cristo.5 O recebimento do Espírito Santo, sempre ocorre quando os pecadores se convertem a Jesus Cristo, que os integra, regenerados pelo Espírito, à igreja.6 Ele dá testemunho de Jesus Cristo e o glorifica.7 Convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo.8 Opera a regeneração do pecador perdido.9 Sela o crente para o dia da redenção final.10 Habita no crente.11 Guia-o em toda a verdade.12 Capacita-o para obedecer à vontade de Deus.13 Distribui dons aos filhos de Deus para a edificação do Corpo de Cristo e para o ministério da Igreja no mundo.14 Sua plenitude e seu fruto na vida do crente constituem condições para uma vida cristã vitoriosa e testemunhante.15

1 Gn 1.2; Jó 23.13; Sl 51.11; 139.7-12; Is 61.1-3; Lc 4.19,18; Jo 4.24; 14.16,17; 15.26; Hb 9.14; 1Jo 5.6,7; Mt 28.19

2 Jo 16.13; 14.17; 15.26

3 Gn 1.2; 2Tm 3.16; 2Pe 1.21

4 Lc 12.12; Jo 14.16,17,26; 1Co 2.10-14; Hb 9.8

5 Jl 2.28-32; At 1.5; 2.1-4; Lc 24.29; At 2.41; 8.14-17; 10.44-47; 19.5-7; 1Co 12.12-15

6 At 2.38,39; 1Co 12.12-15

7 Jo 14.16,17; 16.13,14

8 Jo 16.8-11

9 Jo 3.5; Rm 8.9-11

10 Ef 4.30

11 Rm 8.9-11

12 Jo 16.13

13 Ef 5.16-25

14 1Co 12.7,11; Ef 4.11-13

15 Ef 15.18-21; Gl 5.22,23; At 1.8


III- O Homem

Por um ato especial, o homem foi criado por Deus à sua imagem e conforme à sua semelhança e disso decorrem o seu valor e dignidade.1 Seu corpo foi feito do pó da terra e para o mesmo pó há de voltar.2 Seu espírito procede de Deus e para ele retornará.3 O criador ordenou que o homem domine, desenvolva e guarde a obra criada.4 Criado para a glorificação de Deus.5 Seu propósito é amar, conhecer e estar em comunhão com seu Criador, bem como cumprir sua divina vontade.6 Ser pessoal e espiritual, o homem tem capacidade de perceber, conhecer e compreender, ainda que em parte, intelectual e experimentalmente, a verdade revelada, e tomar suas decisões em matéria religiosa, sem mediação, interferência ou imposição de qualquer poder humano, seja civil ou religioso.7

1 Gn 1.26-31; 18.22; 9.6; Sl 8.1-9; Mt 16.26

2 Gn 2.7; 3.19; Ec 3.20; 12.7

3 Ec 12.7; Dn 12.2,3

4 Gn 1.21; 2.1; Sl 8.3-8

5 At 17.26-29; 1Jo 1.3,6,9

6 Jr 9.23,24; Mq 6.8; Mt 6.33; Jo 14.23; Rm 8.38,39

7 Jo 1.4-13; 17.3; Ec 5.14,17; 1Tm 2.5; Jó 19.25,26; Jr 31.3; At 5.29; Ez 18.20; Dn 12.2; Mt 25.32,46; Jo 5.29; 1Co 15; 1Ts 4.16,17; Ap 20.11-30


IV- O Pecado

No princípio o homem vivia em estado de inocência e mantinha perfeita comunhão com Deus.1 Mas, cedendo à tentação de Satanás, num ato livre de desobediência contra seu Criador, o homem caiu no pecado e assim perdeu a comunhão com Deus e dele ficou separado.2 Em conseqüência da queda de nossos primeiros pais, todos somos, por natureza, pecadores e inclinados à prática do mal.3 Todo pecado é cometido contra Deus, sua pessoa, sua vontade e sua lei.4 Mas o mal praticado pelo homem atinge também o seu próximo.5 O pecado maior consiste em não crer na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, como salvador pessoal.6 Como resultado do pecado, da incredulidade e da desobediência do homem contra Deus, ele está sujeito à morte e à condenação eterna, além de se tornar inimigo do próximo e da própria criação de Deus.7 Separado de Deus, o homem é absolutamente incapaz de salvar-se a si mesmo e assim depende da graça de Deus para ser salvo.8

1 Gn 2.15-17; 3.8-10; Ec 7.29

2 Gn 3; Rm 5.12-19; Ef 2.12; Rm 3.23

3 Gn 3.12; Rm 5.12; Sl 51.15; Is 53.6; Jr 17.5; Rm 1.18-27; 3.10-19; 7.14-25; Gl 3.22; Ef 2.1-3

4 Sl 51.4; Mt 6.14; Rm 8.7-22

5 Mt 6.14,15; 18.21-35; 1Co 8.12; Tg 5.16

6 Jo 3.36; 16.9; 1Jo 5.10-12

7 Rm 5.12-19; 6.23; Ef 2.5; Gn 3.18; Rm 8.22

8 Rm 3.20; Gl 3.10,11; Ef 2.8,9


V- Salvação

A salvação é outorgada por Deus pela sua graça, mediante arrependimento do pecador e da sua fé em Jesus Cristo como único Salvador e Senhor.1 O preço da redenção eterna do crente foi pago de uma vez por Jesus Cristo, pelo derramamento do seu sangue na cruz.2 A salvação é individual e significa a redenção do homem na inteireza do seu ser.3 É um dom gratuito que Deus oferece a todos os homens e que compreende a regeneração, a justificação, a santificação e a glorificação.4

1 Sl 37.39; Is 55.5; Sf 3.17; Tt 2.9-11; Ef 2.8,9; At 15.11; 4.12

2 Is 53.4-6; 1Pe 1.18-25; 1Co 6.20; Ef 1.7; Ap 5.7-10

3 Mt 116.24; Rm 10.13; 1Ts 5.23,24; Rm 5.10

4 Rm 6.23; Hb 2.1-4; Jo 3.14; 1Co 1.30; At 11.18


A regeneração é o ato inicial da salvação em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo. É obra do Espírito Santo em que o pecador recebe o perdão, a justificação, a adoção como filho de Deus, a vida eterna e o dom do Espírito Santo. Nesse ato o novo crente é batizado no Espírito Santo, é por ele selado para o dia da redenção final, e é liberto do castigo eterno dos seus pecados.1 Há duas condições para o pecador ser regenerado: arrependimento e fé. O arrependimento implica mudança radical do homem interior, por força do que ele se afasta do pecado e se volta para Deus. A fé é a confiança e aceitação de Jesus Cristo como Salvador e a total entrega da personalidade a ele por parte do pecador.2 Nessa experiência de conversão o homem perdido é reconciliado com Deus, que lhe concede perdão, justiça e paz.3

1 Dt 30.6; Ez 36.26; Jo 3.3-5; 1Pe 1.3; 2Co 5.17; Ef 4.20-24

2 Tt 3.5; Rm 8.2; Jo 1.11-13; Ef 4.32; At 11.17

3 2Co 1.21,22; Ef 4.30; Rm 8.1; 6.22


A justificação, que ocorre simultaneamente com a regeneração, é o ato pelo qual Deus, considerando os méritos do sacrifício de Cristo, absolve, no perdão, o homem de seus pecados e o declara justo, capacitando-o para uma vida de retidão diante de Deus e de correção diante dos homens.1 Essa graça é concedida não por causa de quaisquer obras meritóritas praticadas pelo homem mas por meio de sua fé em Cristo.2


1 Is 53.11; Rm 8.33; 3.24

2 Rm 5.1; At 13.19; Mt 9.6; 2Co 5.31; 1Co 1.30

3 Gl 5.22; Fp 1.9-11


A santificação é o processo que, principiando na regeneração, leva o homem à realização dos propósitos de Deus para sua vida e o habilita a progredir em busca da perfeição moral e espiritual de Jesus Cristo, mediante a presença e o poder do Espírito Santo que nele habita.1 Ela ocorre na medida da dedicação do crente e se manifesta através de um caráter marcado pela presença e pelo fruto do Espírito, bem como por uma vida de testemunho fiel e serviço consagrado a Deus e ao próximo.2

1 Jo 17.17; 1Ts 4.3; 5.23; 4.7

2 Pv 4.18; Rm 12.1,2; Fp 2.12,13; 2Co 7.1; 3.18; Hb 12.14; Rm 6.19


A glorificação é o ponto culminante da obra da salvação.1 É o estado final, permanente, da felicidade dos que são redimidos pelo sangue de Cristo.2

1 Rm 8.30; 2Pe 1.10,11; 1Jo 3.2; Fp 3.12; Hb 6.11

2 1Co 13.12; 1Ts 2.12; Ap 21.3,4


VI- Eleição

Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por qualquer mérito, mas segundo a riqueza da sua graça.1 Antes da criação do mundo, Deus, no exercício da sua soberania divina e à luz de sua presciência de todas as coisas, elegeu, chamou, predestinou, justificou e glorificou aqueles que, no correr dos tempos, aceitariam livremente o dom da salvação.2 Ainda que baseada na soberania de Deus, essa eleição está em perfeita consonância com o livre-arbítrio de cada um e de todos os homens.3 A salvação do crente é eterna. Os salvos perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de Deus.4 Nenhuma força ou circunstância tem poder para separar o crente do amor de Deus em Cristo Jesus.5 O novo nascimento, o perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação.6

1 Gn 12.1-3; Ex 19.5,6; Ez 36.22,23,32; 1Pe 1.2; Rm 9.22-24; 1Ts 1.4

2 Rm 8.28-30; Ef 1.3-14; 2Ts 2.13,14

3 Dt 30.15-20; Jo 15.16; Rm 8.35-39; 1Pe 5.10

4 Jo 3.16,36; Jo 10.28,29; 1Jo 2.19

5 Mt 24.13; Rm 8.35-39

6 Jo 10.28; Rm 8.35-39; Jd 24


VII- Reino de Deus

O reino de Deus é o domínio soberano e universal de Deus e é eterno.1 É também o domínio de Deus no coração dos homens que, voluntariamente, a ele se submetem pela fé, aceitando-o como Senhor e Rei. É, assim, o reino invisível nos corações regenerados que opera no mundo e se manifesta pelo testemunho dos seus súditos.2 A consumação do reino ocorrerá com a volta de Jesus Cristo, em data que só Deus conhece, quando o mal será completamente vencido e surgirão o novo céu e a nova terra para a eterna habitação dos remidos com Deus.3



1 Dn 2.37-44; Is 9.6,7

2 Mt 4.17; Lc 17.20; 4.43; Jo 18.36; 3.3-5

3 Mt 25.31-46; 1Co 15.24; Ap 11.15


VIII- Igreja

Igreja é uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé. É nesse sentido que a palavra “igreja” é empregada no maior número de vezes nos livros do Novo Testamento.1 Tais congregações são constituídas por livre vontade dessas pessoas com finalidade de prestarem culto a Deus, observarem as ordenanças de Jesus, meditarem nos ensinamentos da Bíblia para a edificação mútua e para a propagação do evangelho.2 As igrejas neotestamentárias são autônomas, têm governo democrático, praticam a disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pelas palavras de Deus, sob a orientação do Espírito Santo.3 Há nas igrejas, segundo as escrituras, duas espécies de oficiais: pastores e diáconos. As igrejas devem relacionar-se com as demais igrejas da mesma fé e ordem e cooperar, voluntariamente, nas atividades do reino de Deus. O relacionamento com outras entidades, quer seja de natureza eclesiástica ou outra, não deve envolver a violação da consciência ou o comprometimento da lealdade a Cristo e sua palavra. Cada igreja é um templo do Espírito Santo.4 Há também no Novo Testamento um outro sentido da palavra “igreja” em que ela aparece como a reunião universal dos remidos de todos os tempos, estabelecida por Jesus Cristo e sobre ele edificada, constituindo-se no corpo espiritual do Senhor, do qual ele mesmo é a cabeça. Sua unidade é de natureza espiritual e se expressa pelo amor fraternal, pela harmonia e cooperação voluntária na realização dos propósitos comuns do reino de Deus.5

1 Mt 18.17; At 5.11; 20.17-28; 1Co 4.17

2 At 2.41,42

3 Mt 18.15-17

4 At 20.17,28; Tt 1.5-9; 1Tm 3.1-13

5 Mt 16.18; Cl 1.18; Hb 12.22-24; Ef 1.22,23



IX- O Batismo e a Ceia do Senhor

O batismo e a ceia do Senhor são as duas ordenanças da igreja estabelecidas pelo próprio Jesus Cristo, sendo ambas de natureza simbólica.1 O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal.2 Simboliza a morte e sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma nova vida em identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo e também prenúncio da ressurreição dos remidos.3

O batismo, que é condição para ser membro de uma igreja, deve ser ministrado sob a invocação do nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.4 A ceia do Senhor é uma cerimônia da igreja reunida, comemorativa e proclamadora da morte do Senhor Jesus Cristo, simbolizada por meio dos elementos utilizados: O pão e o vinho.5 Nesse memorial o pão representa seu corpo dado por nós no Calvário e o vinho simboliza o seu sangue derramado.6 A ceia do Senhor deve ser celebrada pelas igrejas até a volta de Cristo e sua celebração pressupõe o batismo bíblico e o cuidadoso exame íntimo dos participantes.7



1 Mt 3.5,6,13-17; Jo 3.22,23; 4.1,2; 1Co 11.20,23-30

2 At 2.41,42; 8.12,36-39; 10.47,48

3 Rm 6.3-5; Gl 3.27; Cl 2.12

4 Mt 28.19; At 2.38,41,42; 10.48

5, 6 Mt 26.26-29; 1Co 10.16,17-21; 11.23-29

7 Mt 26.29; 1Co 11.26-28; At 2.42; 20.4-8



X- O Dia do Senhor

O domingo, dia do Senhor, é o dia do descanso cristão satisfazendo plenamente a exigência divina e a necessidade humana de um dia em sete para o repouso do corpo e do espírito.1 Com o advento do cristianismo, o primeiro dia da semana passou a ser o dia do Senhor, em virtude de haver Jesus ressuscitado neste dia.2 Deve ser para os cristãos um dia de real repouso em que pela, freqüência aos cultos nas igrejas e pelo maior tempo dedicado à oração, à leitura bíblica e outras atividades religiosas eles estarão se preparando para “aquele descanso que resta para o povo de Deus”.3 Nesse dia os cristãos devem abster-se de todo trabalho secular, excetuando aquele que seja imprescindível e indispensável à vida da comunidade. Devem também abster-se de recreações que desviem a atenção das atividades espirituais.4



1 Gn 2.3; Ex 20.8-11; Is 58.13-14

2 Jo 20.1,19,26; At 20.7; Ap 1.10

3 Hb 4.9-11; Ap 14.12,13

4 Ex 20.8-11; Jr 17.21,22,27; Ez 22.8



XI- Ministério da Palavra

Todos os crentes foram chamados por Deus para a salvação, para o serviço cristão, para testemunhar de Jesus Cristo e promover o seu reino, na medida dos talentos e dos dons concedidos pelo Espírito Santo.1 Entretanto, Deus escolhe, chama e separa certos homens, de maneira especial, para o serviço distinto, definido e singular do ministério da sua palavra.2 O pregador da palavra é um porta-voz de Deus entre os homens.3 Cabe-lhe missão semelhante àquela realizada pelos profetas do Velho Testamento e pelos apóstolos do Novo Testamento, tendo o próprio Jesus como exemplo e padrão supremo.4 A obra do porta-voz de Deus tem finalidade dupla: a de proclamar as boas novas aos perdidos e a de apascentar os salvos.5 Quando um homem convertido dá evidências de ter sido chamado e separado por Deus para esse ministério, e de possuir as qualificações estipuladas nas Escrituras para o seu exercício, cabe à igreja local a responsabilidade de separá-lo, formal e publicamente, em reconhecimento da vocação divina já existente e verificada em sua experiência cristã.6 Esse ato solene de consagração é consumado quando os membros de um presbitério ou concílio de pastores, convocados pela igreja, impõe as mãos sobre o vocacionado.7 O ministro da Palavra deve dedicar-se totalmente à obra para a qual foi chamado, dependendo em tudo do próprio Deus.8 O pregador do evangelho deve viver do evangelho.9 Às igrejas cabe a responsabilidade de cuidar e sustentar adequada e dignamente seus pastores.10



1 Mt 28.19,20; At 1.8; Rm 1.6,7; 8.28-30; Ef 4.1,4; 2Tm 1.9; Hb 9.15; 1Pe 1.15; Ap 17.14

2 Mc 3.13,14; Lc 1.2; At 6.1-4; 13.2,3; 26.16-18; Rm 1.1; 1Co 12.28; 2Co 2.17; Gl 1.15-17

3 Ex 4.11,12; Is 6.5-9; Jr 1.5-10; At 20.24-28

4 At 26.19,20; Jo 13.12-15; Ef 4.11-17

5 Mt 28.19,20; Jo 21.15-17; At 20.24-28; 1Co 1.21; Ef 4.12-16

6 At 13.1-3; 1Tm 3.1-7

7 At 13.3; 1Tm 4.14

8 At 6.1-4; 1Tm 4.11-16; 2Tm 2.3,4; 4.2,5; 1Pe 5.1-3

9 Mt 10.9,10; Lc 10.7; 1Co 9.13,14; 1Tm 5.17,18

10 2Co 8.1-7; Gl 6.6; Fp 4.14-18



XII- Mordomia

Mordomia é a doutrina bíblica que reconhece Deus como Criador, Senhor e Dono de todas as coisas.1 Todas as bênçãos temporais e espirituais procedem de Deus e por isso devem os homens a ele o que são e possuem e, também, o sustento.2 O crente pertence a Deus porque Deus o criou e o remiu em Jesus Cristo.3 Pertencendo a Deus, o crente é mordomo ou administrador da vida, das aptidões, do tempo, dos bens, da influência, das oportunidades, dos recursos naturais e de tudo o que Deus lhe confia em seu infinito amor, providência e sabedoria.4 Cabe ao crente o dever de viver e comunicar ao mundo o evangelho que recebeu de Deus.5 As Escrituras Sagradas ensinam que o plano específico de Deus para o sustento financeiro de sua causa consiste na entrega pelos crentes de dízimos e ofertas alçadas.6 Devem eles trazer à igreja sua contribuição sistemática e proporcional com alegria e liberdade, para o sustento do ministério, das obras de evangelização, beneficência e outras.7



1 Gn 1.1; 14.17-20; Sl 24.1; Ec 11.9; 1Co 10.26

2 Gn 14.20; Dt 8.18; 1Cr 29.14-16; Tg 1.17; 2Co 8.5

3 Gn 1.27; At 17.28; 1Co 6.19,20; Tg 1.21; 1Pe 1.18-21

4 Mt 25.14-30; 31.46

5 Rm 1.14; 1Co 9.16; Fp 2.16

6 Gn 14.20; Lv 27.30; Pv 3.9,10; Ml 3.8-12; Mt 23.26

7 At 11.27-30; 1Co 8.1-3; 2Co 8.1-15; Fp 4.10-18



XIII- Evangelização e Missões

A missão primordial do povo de Deus é a evangelização do mundo, visando à reconciliação do homem com Deus.1 É dever de todo discípulo de Jesus Cristo e de todas as igrejas proclamar, pelo exemplo e pelas palavras, a realidade do evangelho, procurando fazer novos discípulos de Jesus Cristo em todas as nações, cabendo às igrejas batizá-los a observar todas as coisas que Jesus ordenou.2 A responsabilidade da evangelização estende-se até aos confins da terra e por isso as igrejas devem promover a obra de missões, rogando sempre ao Senhor que envie obreiros para a sua seara.3



1 Mt 28.19,20; Jo 17.30; At 1.8; 13.2,3

2 Mt 28.18-20; Lc 24.46-49; Jo 17.20

3 Mt 28.19; At 1.8; Rm 10.13-15



XIV- Educação Religiosa

O ministério docente da igreja, sob a égide do Espírito Santo, compreende o relacionamento de Mestre e discípulo, entre Jesus Cristo e o crente.1 A palavra de Deus é o conteúdo essencial e fundamental nesse processo e no programa de aprendizagem cristã.2 O programa de educação religiosa nas igrejas é necessário para a instrução e desenvolvimento de seus membros, a fim de “crescerem em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”. Às igrejas cabe cuidar do doutrinamento adequado dos crentes, visando à sua formação e desenvolvimento espiritual, moral e eclesiástico, bem como motivação e capacitação sua para o serviço cristão e o desempenho de suas tarefas no cumprimento da missão da igreja no mundo.3



1 Mt 11.29,30; Jo 13.14-17

2 Jo 14.26; 1Co 3.1,2; 2Tm 2.15

3 Sl 119; 2Tm 3.16,17; Cl 1.28; Mt 28.19,20



XV- Liberdade Religiosa

Deus e somente Deus é o Senhor da consciência.1 A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais do homem, inerente à sua natureza moral e espiritual.2 Por força dessa natureza, a liberdade religiosa não deve sofrer ingerência de qualquer poder humano.3 Cada pessoa tem o direito de cultuar a Deus, segundo os ditames de sua consciência, livre de coações de qualquer espécie.4 A igreja e o Estado devem estar separados por serem diferentes em sua natureza, objetivos e funções.5 É dever do Estado garantir o pleno gozo e exercício da liberdade religiosa, sem favorecimento a qualquer grupo ou credo.6 O Estado deve ser leigo e a Igreja livre. Reconhecendo que o governo do Estado é de ordenação divina para o bem-estar dos cidadãos e a ordem justa da sociedade, é dever dos crentes orar pelas autoridades, bem como respeitar e obedecer às leis e honrar os poderes constituídos, exceto naquilo que se oponha à vontade e à lei de Deus.7



1 Gn 1.27; 2.7; Sl 9.7-8; Mt 10.28; 23.10; Rm 14.4; 9,13; Tg 4.12

2 Js 24.15; 1Pe 2.15,16; Lc 20.25

3 Dn 3.15-18; Lc 20.25; At 4.9-20; 5.29

4 Dn 3.16-18; 6; At 19.35-41

5 Mt 22.21; Rm 13.1-7

6 At 19.34-41

7 Dn 3.16-18; 6.7-10; Mt 17.27; At 4.18-20; 5.29; Rm 13.1-7; 1Tm 2.1-3



XVI- Ordem Social

Como o sal da terra e a luz do mundo, o cristão tem o dever de participar em todo esforço que tende ao bem comum da sociedade em que vive.1 Entretanto, o maior benefício que pode prestar é anunciar a mensagem do evangelho; o bem-estar social e o estabelecimento da justiça entre os homens dependem basicamente da regeneração de cada pessoa e da prática dos princípios do evangelho na vida individual e coletiva.2 Todavia, como cristãos, devemos estender a mão de ajuda aos órfãos, às viúvas, aos anciãos, aos enfermos e a outros necessitados, bem como a todos aqueles que forem vítimas de quaisquer injustiça e opressões.3 Isso faremos no espírito de amor, jamais apelando para quaisquer meios de violência ou discordantes das normas de vida expostas no Novo Testamento.4



1 Mt 5.13-16; Jo 12.35-36; Fp 2.15

2 Mt 6.33; Mc 6.37; Lc 10.29-37

3 Ex 22.21,22; Sl 82.3,4; Ec 11.1,2

4 Is 1.16-20; Mq 6.8; Mt 5.9



XVII- Família

A família, criada por Deus para o bem do homem, é a primeira instituição da sociedade. Sua base é o casamento monogâmico e duradouro, por toda a vida, só podendo ser desfeito pela morte ou pela infidelidade conjugal.1 O propósito imediato da família é glorificar a Deus e prover a satisfação das necessidades humanas de comunhão, educação, companheirismo, segurança, preservação da espécie e bem assim o perfeito ajustamento da pessoa humana em todas as suas dimensões.2 Caída em virtude do pecado, Deus provê para ela, mediante a fé em Cristo, a bênção da salvação temporal e eterna, e quando salva poderá cumprir seus fins temporais e promover a glória de Deus.3



1 Gn 1.7; Js 24.15; 1Rs 2.1-3; Ml 2.1

2 Gn 1.28; Sl 127.1-5; Ec 4.9-13

3 At 16.31,34



XVIII- Morte

Todos os homens são marcados pela finitude, de vez que, em conseqüência do pecado, a morte se estende a todos.1 A Palavra de Deus assegura a continuidade da consciência e da identidade pessoais após a morte, bem como a necessidade de todos os homens aceitarem a graça de Deus em Cristo enquanto estão neste mundo.2 Com a morte está definido o destino eterno de cada homem.3 Pela fé nos méritos do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, a morte do crente deixa de ser tragédia, pois ela o transporta para um estado de completa e constante felicidade na presença de Deus. A esse estado de felicidade as Escrituras chamam “dormir no Senhor”.4 Os incrédulos e impenitentes entram, a partir da morte, num estado de separação definitiva de Deus.5 Na Palavra de Deus encontramos claramente expressa a proibição divina da busca de contato com os mortos, bem como a negação da eficácia de atos religiosos com relação aos que já morreram.6



1 Rm 5.12; 1Co 15.21-26; Hb 9.27; Tg 4.14

2 Lc 16.19-31; Hb 9.27

3 Lc 16.19-31; 23.39-46; Hb 9.27

4 Rm 5.6-11; 14.7-9; 1Co 15.18-20; 2Co 5.14,15; Fp 1.21-23; 1Ts 4.13-17; 2Tm 2.11

5 Lc 16.19-31; Jo 5.28,29

6 Ex 22.18; Lv 19.31; 20.6,27; Dt 18.10; 1Cr 10.13; Is 8.19; Jo 3.18



XIX- Justos e Ímpios

Deus, no exercício de sua sabedoria, está conduzindo o mundo e a história a seu termo final.1 Em cumprimento à sua promessa, Jesus Cristo voltará a este mundo, pessoal e visivelmente, em grande poder e glória.2 Os mortos em Cristo serão ressuscitados, arrebatados e se unirão ao Senhor.3 Os mortos sem Cristo também serão ressuscitados.4 Conquanto os crentes já estejam justificados pela fé, todos os homens comparecerão perante o tribunal de Jesus Cristo para serem julgados, cada um segundo suas obras, pois através destas é que se manifestam os frutos da fé ou os da incredulidade.5 Os ímpios condenados e destinados ao inferno lá sofrerão o castigo eterno, separados de Deus.6 Os justos, com os corpos glorificados, receberão seus galardões e habitarão para sempre no céu como o Senhor.7



1 Mt 13.39,40; 28.20; At 3.21; 1Co 15.24-28; Ef 1.10

2 Mt 16.27; Mc 8.38; Lc 17.24; 21.27; At 1.11; 1Ts 4.16; 1Tm 6.14,15; 2Tm 4.1,8

3 Dn 12.2,3; Jo 5.28,29; Rm 8.23; 1Co 15.12-58; Fp 3.20; Cl 3.4

4 Dn 12.2; Jo 5.28,29; At 24.15; 1Co 15.12-24

5 Mt 13.49,50; At 10.42; 1Co 4.5; 2Co 5.10; 2Tm 4.1; Hb 9.27; 2Pe 2.9

6 Dn 12.2,3; Mt 16.27; Mc 9.43-48; Lc 16.26-31; Jo 5.28,29; Rm 6.22,23

7 Dn 12.2,3; Mt 16.27; 25.31-40; Lc 14.14; 16.22,23; Jo 5.28,29; 14.1-3; Rm 6.22,23; 1Co 15.42-44; Ap 22.11,12

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Policarpo: Firmesa na Fé em Cristo Nosso Salvador Até a Morte

Segue pequeno trecho da carta da Igreja de Esmirna sobre o martírio de Policarpo. Mostra um exemplo de firmesa na fé em Jesus.



"... XI O procônsul disse:  Tenho feras a meu dispor. Se não te retratares, entregar-te-ei a elas. Ao que respondeu Policarpo: Ordena. Quando nós, cristãos, morremos, não passamos do melhor para o pior, é nobre passar do mal para a justiça. Disse ainda o procôsul: Se não te retratas, mandarei que te queimem na fogueira, já que despresas as feras. Disse então Policarpo: Ameaça-mes com o fogo que arde uma hora e se apaga. Conheces tu o fogo da justiça vindoura? Sabes tu o castigo que devoras os ímpios? Não demores! Sentecia teu arbítrio".


Trecho extraído de   BETTENSON, Henry" Documentos da Igreja Cristã" São Paulo: Ed ASTE pg 41

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pensamentos e Frases


" Enfim, só há duas respostas possíveis a Jesus Cristo, que são exemplificadas nas figuras contrastantes de Herodes, o  Grande, e a dos magos... Ou enxergamos Jesus como uma ameaça e resolvemos, como Herodes, nos livrar dele; ou o enxergamos como o Rei dos reis e nos dedicamos, como os magos, a adorá-lo"

 John Stott em "A Bíblia Toda, o Ano Todo" - Ed. Ultimato

sexta-feira, 19 de março de 2010

Fime 'Criação' mostra conflito pessoal de Charles Darwin com a religião

Longa-metragem estréia no Brasil nesta sexta-feira (19).  Obra conta como morte da filha alterou a vida do cientista.

Um filme que estréia nesta sexta-feira (19) no Brasil promete renovar a imagem do velhinho de barbas brancas pela qual a maior parte das pessoas conhece o cientista inglês Charles Darwin.

“Criação”, dirigido por Jon Amiel, conta como a morte de uma filha e a religiosidade da esposa de Darwin influenciaram a concepção da obra “A origem das espécies” – livro que revolucionou a biologia e desafiou dogmas da igreja. O roteiro, baseado na história real, foi escrito por John Collee e inspirado no livro "Annies's box", do ambientalista inglês Randal Keynes, tataraneto de Darwin.

A história se passa em meados do século XIX na pacata – e um tanto assombrada – Down House, a casa de campo em que a família vivia na Inglaterra. Ali o cientista instalou seus laboratórios e criou dez filhos, entre eles a precoce Anne Darwin (Martha West), que ainda pequena encantava o pai com seu interesse pelas plantas e animais.

Darwin (Paul Bettany) já havia rodado o mundo a bordo do navio H.M.S. Beagle e se debruçava sobre a escrivaninha para escrever sua obra quando Anne (Martha West), aos dez anos, ficou doente e morreu.

O episódio deprime o cientista e abre uma crise entre ele e sua esposa, Emma Darwin (Jennifer Connelly). A morte da filha também abala a fé do naturalista, que se sente mais encorajado a publicar suas teorias sobre a evolução. Ao mesmo tempo, o afastamento da igreja aumenta os problemas entre Darwin e Emma, profundamente religiosa.

Igreja x Ciência

O filme não é um arauto da razão contra a fé, mas deixa claro que a obra de Darwin abalaria para sempre algumas teorias da igreja, como a tese do Criacionismo, segundo a qual o homem e os animais teriam sido criados por Deus com sua anatomia atual, e não evoluído de formas primitivas e comuns a todos os seres vivos, como sugeriu o cientista.

O nome “Criação”, além de evocar o Criacionismo, lembra o processo de geração de “A Origem das Espécies”, e a até mesmo a criação da pequena Annie.

Viagens

Quem gosta de história da Ciência irá se entusiasmar com alguns flashes do filme de Jon Amiel. Entre as digressões que ilustram o roteiro estão trechos da viagem do H.M.S. Beagle, em especial sua passagem pela Argentina. Também aparecem no longa-metragem o biólogo Thomas Huxley e o botânico Joseph Hooker, apoiadores das teorias de Darwin.


Iberê Thenório Do G1, em São Paulo

segunda-feira, 8 de março de 2010

"A excelência do pastorado"

“Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja” - 1 Timóteo 3.1

Ser Pastor. A cada dia o ministério pastoral tem se tornado um ministério difícil, não que tenham aumentado os aspectos ministeriais em si, mas sim por um fato que entristece: a falta de dignidade de algumas pessoas que se intitulam pastores. Sim, de alguns que se intitulam, pois não foram conduzidos ao ministério pastoral pelo reconhecimento da igreja e pela sua forma de agir como crentes. Entretanto, Deus deve ser louvado pelos verdadeiro pastores, chamados pelo Senhor para este ministério.

No segundo domingo do mês de junho é celebrado o Dia do Pastor, data na qual, entre tantas outras, separamos como batistas para agradecer a Deus por aqueles que aceitaram o seu chamado para o exercício do ministério pastoral.

Ninguém ingressa no ministério sem que tenha a sua vontade direcionada, trabalhada e persuadida para o mesmo. Este direcionamento da vontade é fruto da chamada de Deus, o que é um fator decisivo. Ninguém pode, como tentou Simão (Atos 8.18-19), comprar um dom espiritual. Deus chama e trabalha na vontade humana, direcionando-a ao ministério. A declaração doutrinária da Convenção Batista Brasileira diz no capítulo 11 sobre o Ministério da Palavra: “Todos os crentes foram chamados por Deus para a salvação, para o serviço cristão, para testemunhar de Jesus Cristo e promover o seu Reino, na medida dos talentos e dos dons concedidos pelo Espírito Santo. Entretanto, Deus escolhe, chama e separa certos homens, de maneira especial, para o serviço distinto, definido e singular do ministério da sua palavra. O pregador da palavra é um porta-voz de Deus entre os homens. Cabe-lhe missão semelhante àquela realizada pelos profetas do Velho Testamento e pelos apóstolos do Novo Testamento, tendo o próprio Jesus como exemplo e padrão supremo”.

A chamada envolve a aceitação de alguns atributos, de alguns postulados indispensáveis ao exercício do ministério pastoral: fidelidade consciente à Palavra de Deus, crença inabalável no valor da alma humana, convicção firme de que fora de Cristo não há salvação, reconhecimento de que existe um inimigo pessoal e dedicação completa da vida ao Espirito Santo. O ministério pastoral é uma obra de excelência e exige caráter cristão maduro e estável e uma vida pessoal boa e ordenada. Não há pastores perfeitos, mas o pastor há de ser alguém que persegue a perfeição, já que a obra do Ministério da Palavra é uma obra excelente, que exige excelência. O pastor tem como seu modelo e exemplo Jesus Cristo, o que faz com que tenha a incumbência de apascentar o seu rebanho e treiná-lo no serviço da igreja. Já a igreja tem a missão de expandir o Reino de Deus. Os pastores vão e vem, mas a igreja, como corpo de Cristo, permanece. Quando o pastor é fervoroso, ativo e eficiente os membros da igreja são espiritualmente vigorosos e ativos. Daí a importância da pregação pastoral. É neste sentido que o apóstolo Paulo desenvolve a doutrina do ministério cristão no texto de 2 Coríntios 2.14 a 7.16. Sem a convicção inabalável da incumbência divina ninguém deve entrar no serviço ministerial.

Com a certeza da sua vocação, a experiência do poder do Evangelho na sua vida, o amor ao povo e o desejo ardente de servir como embaixador de Cristo, o pastor terá prazer no estudo das Escrituras, no preparo dos sermões para a orientação de conforto espiritual do seu povo e no desenvolvimento da sua igreja no cumprimento da missão.

Celebramos a Deus graças neste domingo porque muitos têm atendido ao seu chamado para o ministério e a vida pastoral. Deus os abençoe mais e mais a cada dia.



Da redação



segunda-feira, 1 de março de 2010

" Se pecamos, pecamos. E ponto"

Um parlamentar, meses depois de ter sido filmado enchendo de notas de dinheiro de propina a parte inferior do corpo onde a maioria das pessoas usa meias, renunciou. Ao comunicar sua saída voluntária (e possivelmente temporária) da política, admitiu que errou e que foi vítima do sistema. Quem renuncia não pode ser cassado e, assim, ficar proibido de disputar novas eleições por vários anos.


O comportamento é emblemático da natureza humana e pode nos incluir.

Primeiro, erramos, mas, muitas vezes, só admitimos o erro quando somos descobertos. É como se o pecado se tornasse pecado só quando descoberto.

Até pedimos desculpas, mas caímos atirando, ao pormos a culpa no sistema (todo mundo faz) ou nos outros.

Pedimos desculpas, esperando que sejamos premiados (com elogios por termos tido a coragem de pedir desculpas ou perdão).

O pedido de perdão verdadeiro é filho do arrependimento verdadeiro. Pecamos. Ponto.

Fora disso é manipulação. Nossa e dos outros.
 
 
Israel Belo de Azevedo
 
 
Extraído de :  http://www.prazerdapalavra.com.br/

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"O que há de errado com a nossa espiritualidade?"

Falar de espiritualidade neste mundo do século XXI é falar de um tema cuja relevância salta aos olhos. Diante de uma sociedade faminta por significado existencial, sedenta pelas coisas da alma humana e cada vez mais curiosa sobre Deus, é fundamental que a Igreja de Cristo não se furte a ensinar e pregar as Sagradas Escrituras. Na verdade, isso sempre foi necessário desde a proclamação do célebre “Ide” – mas há hoje uma urgência contemporânea pela anunciação das boas novas do Evangelho, porque somos cercados por “espiritualidades” que, ignorando a pessoa de Jesus, desenvolvem-se a partir das muitas e variadas experiências de cada um. Sabemos que o Espírito Santo, ao longo de toda a Bíblia, fornece ao homem o mapa da verdadeira espiritualidade. As histórias que ela conta nos convidam a um outro mundo que não o nosso – um mundo maior que nós mesmos. As histórias bíblicas nos convidam ao mundo da criação, da salvação e da bênção de Deus.

Evidentemente, todo o cânon sagrado é um texto integral – mas o evangelho de Marcos, o segundo livro do Novo Testamento, tem certa primazia. Afinal, ninguém nunca havia escrito um evangelho cristão quando Marcos escreveu o dele. Com isso, criou um novo gênero. Sua forma de escrever que logo se tornou fundamental e formativa para a vida da Igreja e do cristão. Isso veio contrastar com a preferência antiga pela criação de mitos, prática que reduzia os humanos a meros espectadores do sobrenatural. Também vai de encontro à predileção moderna pela filosofia moral, concepção que nos torna responsáveis por nossa própria salvação.

A história narrada no evangelho segundo Marcos é o relato verbal da realidade que, como seu assunto – a Encarnação – é, ao mesmo tempo, divina e humana. Ela revela algo que jamais concluiríamos por nossa própria observação, experiência ou suposição; e, ao mesmo tempo, nos envolve, colocando-nos na ação como receptores e participantes, sem jogar para nós a responsabilidade de fazer tudo dar certo. As implicações disso para nossa espiritualidade são enormes, já que a forma, por ela mesma, nos protege das duas principais práticas que levam a pessoa a se afastar do caminho certo: a de viver como espectador leviano dos fatos, exigindo sempre atrativos novos e mais exóticos vindos do céu; ou como moralista ansioso, aquele que toma sobre seus ombros todas as cargas do mundo. A própria forma do texto molda em nós reações que tornam muito difícil sermos simples espectadores ou moralistas. Não estamos diante de um texto que podemos dominar. Pelo contrário – somos dominados por ele.

A espiritualidade é a atenção que damos à alma, ao mundo interior invisível de nossa vida – um mundo que é a essência de nossa identidade, esta alma à imagem de Deus que engloba toda nossa individualidade e glória. A espiritualidade pode parecer uma coisa maravilhosa, mas vinte séculos de experiência cristã diminuíram bastante o entusiasmo que ela outrora provocava. E sua prática não se mostra tão maravilhosa. Olhando para nossa história, não nos admiramos ao verificar que a espiritualidade costuma ser vista com desconfiança, quando não com hostilidade declarada. Isso acontece porque, na prática, e com muita freqüência, ela se transforma em neurose. Em nossos dias, temos visto a espiritualidade – ou uma suposta espiritualidade – descambar para o egoísmo, principalmente quando vira mera pretensão.

Mas como isso pode acontecer? A resposta é simples: isso acontece quando nos afastamos da história do Evangelho de Cristo e adotamos a nossa própria experiência, e por quê não dizer, a nós mesmos como elemento fundamental e autorizado da espiritualidade. Passamos a fazer a exegese em nós mesmos como se fôssemos textos sagrados. Não jogamos o Evangelho fora; contudo, ele fica na prateleira e pensamos que lhe conferimos honra consultando-o de vez em quando, como uma obra de referência indispensável. Por outro lado, nossos orientadores espirituais nos ensinam que somos seres gloriosos e almas preciosas. Somos levados a acreditar que nosso anseio pela santidade, bondade e verdade é magnífico. Mas a espiritualidade não está em nós mesmos, pois o próprio Deus revelou que ela está em Jesus. Como em tudo nesta vida, espiritualidade é coisa que se aprende – e o evangelho segundo Marcos é um texto didático para se entender o que é a espiritualidade.

Tomamos o texto e lemos a história de Jesus, uma história estranha. Na verdade, o evangelista conta muito pouco do que nos interessa em uma história. Não ficamos sabendo sobre Jesus praticamente nada do que queremos saber. Não há descrição da sua aparência; nada ali é dito sobre sua origem, sobre quem eram seus amigos. Informações sobre a educação que recebeu, ou sobre sua família, são inexistentes. Fica difícil avaliar ou entender uma pessoa sem esses dados. E também há muito pouca referência ao que o filho de José e Maria pensava e sentia, suas emoções e lutas interiores. Embora Jesus seja a pessoa mais citada, o texto é surpreendentemente reticente quanto a ele

A certa altura, porém, entendemos que se trata de uma história sobre Deus e sobre nós. Jesus é a revelação de Deus; então, quando nos defrontamos com ele, encaramos o que há em Deus. A narrativa abrange outros personagens, claro, e são muitos: os doentes, os famintos, as vítimas sociais, os excluídos. Mas Jesus é sempre o centro. Nenhum evento acontece e nenhuma pessoa aparece sem ele. Ali, Cristo subsiste tanto no contexto quanto no conteúdo da vida de todos. A espiritualidade, a atenção que dedicamos à nossa alma, transforma-se quando permitimos que o livro de Marcos dê forma a nossa prática. O texto nos ensina essa percepção: linha após linha, página após página, o conteúdo é sempre o mesmo: Jesus, Jesus e mais Jesus. Nenhum de nós é capaz de fornecer o conteúdo de nossa própria espiritualidade, pois ela nos é concedida por Jesus. O texto não dá margem a exceções.

A morte de Jesus – Lendo o texto do Evangelho conforme o escreveu Marcos, logo descobrimos que toda a história se canaliza para a narração dos acontecimentos de uma única semana da vida de Jesus – justamente a semana crucial da paixão, morte e ressurreição do Filho de Deus. E, dos três eventos, sua morte é apresentada com mais detalhes. Se nos pedissem para dizer com o menor número possível de palavras qual é o conteúdo do livro de Marcos, deveríamos responder: “A morte de Jesus”. A princípio, não parece um conteúdo muito promissor, especialmente para os que procuram um texto que os oriente na vida, capaz de alimentar a alma. Mas é assim. A história possui dezesseis capítulos. Nos oito primeiros, Jesus aparece vivo, passeando sem pressa pelas vilas e caminhos da Galiléia, levando vida às pessoas. De repente, bem na hora em que atrai a atenção de todo mundo, Marcos começa a falar sobre morte. Os oito capítulos finais de seu evangelho são dominados por palavras de morte.

O prenúncio da morte de Cristo assinala também uma mudança de ritmo. A narrativa, na primeira metade do livro, apresenta características de tranqüilidade e descreve os movimentos do Mestre em um ambiente quase idílico. Porém, isso muda diante da tragédia anunciada, a partir do momento em que Jesus dirige-se diretamente para Jerusalém, onde seria martirizado. Urgência e gravidade passam a caracterizar a narrativa. Muda a direção, o ritmo, o clima. Jesus é explícito em três ocasiões: ele irá sofrer, será morto e ressurgirá, conforme se lê, respectivamente, em Marcos 8.31; 9.31; e 10.33-34. E acontece a morte, descrita em seus horrores com detalhes e a precisão digna de um arguto observador. Nenhum outro acontecimento da vida de Jesus foi contado com tantas minúcias. Não há como duvidar da intenção de Marcos de deixar bem claro que o enredo, a ênfase e o significado de Jesus residem em sua morte. E o evangelista faz questão de definir este sacrifício como voluntário. Jesus não era obrigado a ir para Jerusalém; fê-lo por sua própria vontade. Explicitamente, concordou com sua própria morte. Logo, não foi um episódio acidental, tampouco inevitável. Ele aceitou a morte para que os outros pudessem receber vida – ou, conforme o texto, veio para “dar a sua vida em resgate por muitos”.

Sintomaticamente, cada um dos três anúncios explícitos da morte de Cristo é concluído com o anúncio da ressurreição. A história daquele evangelho, como um todo, se encerra com o testemunho da ressurreição. Isso não dá menor valor à morte, mas a torna muito diferente do que estamos acostumados a pensar. As idéias de tragédia e procrastinação são as palavras que caracterizam a atitude de nossa cultura diante da morte. Herdamos dos gregos esta visão trágica da finitude humana. Eles escreviam textos primorosos sobre mortes trágicas – vidas ceifadas por obra de forças grandes e impessoais, circunstâncias indiferentes ao heroísmo e esperança do ser humano.

Já a tentativa de procrastinar a morte ao máximo é legado da medicina moderna. Em nossa cultura, a vida é reduzida a batimentos cardíacos, circulação sangüínea, impulsos cerebrais. Como as pessoas só levam em conta sobre a vida o que a biologia pode estudar – sem enxergar sentido, espiritualidade, nem eternidade –, as tentativas de afastar, adiar e negar a morte são cada vez mais intensas. O detalhe é que não houve procrastinação na morte de Jesus. É necessário, portanto, irmos contra nossa cultura, permitindo que o vigoroso relato de Marcos molde nosso entendimento de modo a entendermos nossa própria morte dentro das ricas dimensões e relações da história de Jesus.

O asceta e o esteta – Bem no centro do evangelho segundo Marcos há uma passagem que pode ser considerada o cerne da espiritualidade do texto e consiste de duas histórias. Na primeira, Jesus chama os discípulos à renúncia, quando eles partem para Jerusalém. É a dimensão asceta da espiritualidade. Já o segundo relato, o da transfiguração de Cristo no Monte Tabor, fornece a dimensão estética dessa mesma espiritualidade. As histórias são cercadas, nas duas extremidades, por afirmações da verdadeira identidade de Jesus como Deus entre nós. Pedro afirma: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. No final, uma voz vinda do Céu declara: “Este é o meu Filho amado. Ouçam-no!”. Era o testemunho humano sendo legitimado pela confirmação divina.

Essas histórias possuem uma conexão orgânica, um ritmo binário e uma teologia espiritual única. Elas reúnem os movimentos ascetas e estéticos, o sim e o não que atuam juntos no coração da teologia espiritual. O ascetismo aparece circunscrito nas palavras do Salvador, que são breves e diretas: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8.34). Fica evidente que Jesus vai a algum lugar e nos convida para irmos com ele. É um convite, sim, à renúncia. Sempre há um forte elemento ascético na teologia verdadeiramente espiritual. Seguir Jesus implica em não seguir nossos impulsos, apetites, caprichos e sonhos, pois tudo isso foi danificado pelo pecado. Seguir Jesus significa não seguir as práticas de procrastinação e negação da morte, mesmo em uma cultura que, pela busca obsessiva da vida sob a inspiração de ídolos e ideologias, acaba encontrando uma existência tão restrita e degradada que dificilmente merece o nome de vida. Mas a arte de dizer “não” nos deixa livres para seguir Jesus.

Na monumental obra escrita por Marcos, o esteta aparece ao lado do asceta. É o “sim” de Deus em Jesus. Pedro, Tiago e João o vêem transfigurado na montanha, em uma nuvem brilhante, na companhia de Moisés e Elias. Os discípulos viram a beleza da glória do Senhor, e é ela que acabamos por experimentar ao nos aproximarmos do Pai. Há sempre um componente estético forte na verdadeira teologia espiritual. Subir ao monte com Jesus significa deparar-se com uma beleza de tirar o fôlego. Permanecer na companhia dele é contemplar sua glória e escutar a confirmação divina da revelação nele. Aqui está o segredo do Jesus transfigurado. Ele é a forma da revelação, e a luz não cai do alto sobre essa forma, nem vem de fora – antes, brota de seu interior. A única reação adequada a essa luz é manter os olhos abertos para observar o que está sendo iluminado: adoração.

O impulso estético na teologia espiritual relaciona-se a treinar a percepção, isto é, aprender a apreciar o que está sendo revelado em Jesus. Não somos bons nisso, pois o pecado prejudicou nossos sentidos. O mundo, apesar de alardear a celebração da sensualidade, é implacável em anestesiar e esquecer o que é sentir, restringindo a estética ao que se pode encontrar em museus ou jardins. Nossos sentidos precisam de cura e reabilitação para se tornarem adequados a receber e responder às visões e aparições do Espírito Santo de Deus.Nosso corpo, com seus cinco sentidos, não é empecilho para a vida de fé. Nossa sensibilidade não é barreira para a espiritualidade, e sim, o único acesso a ela.

Marcos escolheu mostrar Jesus como a revelação de Deus e fez um relato completo da sua obra na salvação. Somos convidados a participar por inteiro da história de Jesus, e o evangelista nos mostra como fazer isso. Ele não se limita a contar que Jesus é o Filho de Deus; nem a nos dizer que nos tornamos beneficiários de sua expiação. Ele nos convida a morrer a morte de Jesus e a viver sua vida com a liberdade e a dignidade dos participantes. E eis aqui um fato maravilhoso – ficamos no centro da história, sem nos transformarmos nos seus principais protagonistas. Habitualmente, e os crentes sabem bem disso, sempre é perigoso o interesse do indivíduo em si mesmo. A obsessão com as questões da alma fazem com que Deus passe a ser visto como mero acessório da experiência pessoal. É preciso muita vigilância – e a teologia espiritual é, entre outras coisas, o exercício dessa vigilância.

Por isso o evangelho de Marcos é um texto básico para se entender a espiritualidade humana. Suas histórias sobre vida e morte, crucificação e ressurreição, nos mostram e nos ensinam sobre negação e afirmação. Mas não se limitam a isso. Também levam-nos adiante em fé e obediência, para a vida que só se completa, por fim no não definitivo e no sim glorioso do Jesus crucificado e ressurreto.


Eugene Peterson é professor emérito de Teologia da Espiritualidade na Regent College,

em Vancouver, no Canadá


Extraído de: http://cristianismohoje.com.br/ch/o-que-ha-de-errado-com-a-nossa-espiritualidade/

"O Paradigma do Ministério Pastoral"

O ministério pastoral pressupõe chamamento, vocação, preparo – é preciso que o obreiro seja provado e aprovado para Cristo e por meio dele

Um pastor de uma importante denominação evangélica fora “demitido” de sua igreja, sob a alegação de que não conseguira atingir a meta financeira anual. Ele pensava em ingressar na Justiça do Trabalho exigindo seus direitos, porque julgava-se prejudicado pela denominação. Casos assim repetem-se em todos os cantos. Que caminhos conduziram parte da comunidade evangélica a uma vivência ministerial mercantilista da fé cristã? Existe um suporte ideológico que possa legitimar essas práticas? A resposta não é fácil, mas podemos conjecturar alguns pressuspostos.

O pragmatismo surgiu nos Estados Unidos através de seu maior divulgador e um de seus maiores mentores, Wiliam James. A princípio, o movimento influenciou o comercio e a indústria; passou depois às instituições de ensino, e por fim atingiu a teologia. Sociologicamente, ele aparece em meio a transformações culturais e industriais. Em princípio do século 19 e no início 20, a sociedade americana encontrava-se num crescente êxodo rural. O processo de urganização transformou uma economia agrária em industrial. O pragmatismo caiu como uma luva neste novo ambiente, que exigia uma nova forma de ver e fazer as coisas. O resultado é que passou a ditar a nova ótica de uma sociedade ávida por realização.

Até então, a vida, a natureza e a práxis teológica estavam centradas nos fundamentos ortodoxos doutrinários. A preocupação básica era com a filosofia teológica: seus fundamentos, sua hermêneutica, seus dilemas, seus paradoxos, sua base – se era bíblica ou não – etc. No Brasil, as instituições teológicas receberam a influência de missionários e pensadores europeus e americanos. Eles trouxeram a sua bagagem cultural e pregaram-na como um “absoluto teológico”, sem o discernimento e a devida compreensão do que estava a ser ministrado às igrejas e instituições teológicas, que, por sua vez, adotaram-na como uma verdade inquestionável. Afinal, questionar não faz parte da maioria do vocabulário evangélico brasileiro; o pensamento crítico soa como um subversão, rebeldia ou coisa do gênero.

Sou de certa forma nostálgico com a vivência pastoral dos pioneiros evangélicos que desbravaram esse imenso país: eram homens de caráter sério, de vida de oração constante, de piedade exemplar, de modéstia e simplicidade evidentes. Quando lemos as histórias dos pioneiros das várias denominações, é impossível não nos sentirmos desafiados a uma vida mais santa. Contudo, a tônica da liderança atual está centrada no que se pode denominar de teologia de mercado, ou seja, seus resultados. Não importam os meios; o que é fundamental é o número de pessoas que enchem os templos. Nesse frenesi por resultados, pouco importa a moral dos fiéis; é por essa razão que ser evangélico já não causa mais impacto na sociedade: pastores divorciam-se e continuam no ministério, escândalos financeiros já não escandalizam ninguém, evangélicas já posam em revistas masculinas.

Igrejas há que não questionam seus candidatos a cargoss eletivos acerca de sua prática devocional, integridade pessoal e familiar, idoneidade como cidadão e outros aspectos que eram valorizados noutros tempos. O talento suplantou a obediência e a santidade; já não se avalia um clérigo pelo que ele é, e sim pelo que realiza. O fruto disso está aí: líderes bem sucedidos numericamente, porém derrotados em sua vivência pessoal, cheios de síndromes megalomaníacas.

A América Latina é pródiga em suscitar líderes com caráter feudal. E esta cultura se reflete em muitas denominações evangélicas. O autoritarismo é reproduzido nos sistemas eclesiásticos, surgindo figuras os “ungidos”, os “apóstolos” ou os homens “da visão de Deus”. Some-se a isso a pobreza teológica de muitos segmentos e teremos lideranças pífias, pastores que não sabem fazer uma exegese do texto sagrado, são incapazes de ministrar mensagens expositivas – geralmente, pregam-se mensagens tópicas, que são mais fáceis de elaborar e não exigem trabalho metódico de estudo, pesquisa, análise e reflexão.

Um povo evangélico sem cultura teológica é um povo facilmente influenciado, manipulado e dominado. E quais são as evidências de um líder evangélico feudal? Há alguns indícios exteriores que ajudam a perceber o comportamento da maioria deles. Liderança absoluta, por exemplo – este tipo de dirigente não abre mão de possuir todo o controle. Ele também age como detentor do poder absoluto, não permitindo questionamento. Além disso, o líder feudal vê nos membros da igreja pessoas que devem servi-lo, e não o contrário; por fim, há um sinal muito evidente que demonstra o clímax desse feudalismo religioso: a liderança da igreja é exercida num sistema de sucessão familiar, com perpetuação de uma dinastia personificada na família do líder. É interessante observar que até mesmo denominações históricas têm se vergado a esse tipo de liderança, geralmente exercido por pessoas muito carismáticas.

Por outro lado, hoje em dia, o pastor já não é avaliado pela natureza do seu chamado, pelo que ele é como cristão e servo de Deus. Pouco importa para algumas igrejas o que as Escrituras têm a dizer sobre o ministério pastoral. Importa o que ele pode produzir em termos de crescimento numérico. Mas em nenhum lugar da Palavra de Deus encontramos textos associando o crescimento da igreja em termos de números ao caráter do obreiro. Paulo disse que o crescimento da obra vem do Senhor. Afinal, o novo nascimento é uma experiência transcendente, puramente espiritual, que não pode ser mensurada por avaliação humana; somente o Pai Celeste sabe os que são seus e que o servem de coração.

A centralidade da mensagem cristã precisa voltar-se para Cristo. Em alguns círculos evangélicos, a mensagem é antropocêntrica, voltada para os desejos da natureza humana; em outras comunidades, destacam-se os paradigmas de natureza filosófica. Isaltino Coelho diz que há pastores que conhecem mais a respeito de Nietzsche e Platão do que a respeito de Jesus Cristo. A mensagem que pregamos é esta: “Jesus Cristo crucificado”, conforme disse Paulo. O ministério pastoral pressupõe chamamento, vocação, preparo – é preciso que o obreiro seja provado e aprovado para Cristo e por meio dele.

Um ministro tem uma ferramenta de trabalho, a Bíblia; o que o bisturi é para o médico, são as Escrituras para o pastor. E ele deve fazer conforme a recomendação do apóstolo: “Pregar a Palavra”, e somente a Palavra.



Josenaldo Silva

Lisboa, Portugal

Extraido de: http://www.eclesia.com.br/

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

"Teologia a favor do mundo"

Fraternidade Teológica Latino-americana quer ser protagonista da reflexão bíblica no continente

Qual a necessidade da teologia nos dias de hoje? Como identificar um pensamento teológico contextualizado com as diferentes realidades em que a Igreja está inserida? E que tipo de resposta teológica pode fazer diferença diante da multiplicidade de práxis da cristandade contemporânea? É para propor rumos diante desse tipo de questões e pensar o mundo segundo o Evangelho que a Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL) tem estabelecido novas metas. A entidade acaba de escolher sua nova Diretoria, cujo mandato vai até 2012 com a missão de desenvolver teologias a partir da reflexão pessoal e coletiva. A partir de agora, a FTL pretende intensificar ainda mais suas atividades, fortalecendo os núcleos, aumentando a produção de material e promovendo debates, a fim de apresentar um conteúdo bíblico-teológico consistente a um mundo cada vez mais secularizado.

Com o tema “Igreja, cidade e teologia pública”, cerca de 170 participantes reuniram-se em um aconchegante sítio em Maranguape, Região Metropolitana de Fortaleza (CE) durante a última Consulta Nacional da entidade. O evento ocorreu paralelamente à Consulta Regional Nordeste e serviu de espaço também à realização da Assembleia Nacional dos membros ativos da FTL. O eleito foi Carlos Veiga, de Brasília, em substituição a Orivaldo Pimentel Lopes Jr. “O trabalho da FTL tem se fortalecido nos últimos anos, principalmente no Nordeste. A Assembleia entendeu que deveríamos ter nessa gestão um presidente de outra região e acabei sendo o escolhido”, diz Veiga.


A Consulta Nacional teve a participação de palestrantes como Wellington Santos, Natanael Barbosa, Ariovaldo Ramos e Odja Barros, dentre outros. Além das palestras, houve debates, mesas redondas e apresentações artísticas. “Temos aberto espaço para que as reflexões de qualquer área contribuam para os trabalhos da organização”, enfatiza o novo presidente. “Não somos um movimento de teólogos. Somos um grupo interdisciplinar que pensa e faz teologia para a América Latina e a partir da América Latina.”

Bandeiras – A história da FTL teve início após o I Congresso Latino-americano de Evangelização (Clade), ocorrido em 1970, em Bogotá, Colômbia. Depois do evento, um grupo de teólogos viu a necessidade de formular uma teologia que fosse ao encontro das necessidades do povo da região e que, ao mesmo tempo, possuísse uma visão interna das questões que eram levantadas em congressos internacionais do gênero. “A América Latina precisava de voz e representatividade. Foi uma reação à atitude centralizadora norte-americana que promovia o congresso”, reconhece Veiga. “O objetivo dessas reflexões é produzir uma teologia contextualizada e aplicável ao dia-a-dia da nossa Igreja local.”

Essa nova fase da FTL deve vir acompanhada de muito trabalho. A nova Diretoria acredita que a entidade pode influenciar muito mais. O presidente defende a significância do órgão e convoca os antigos membros a participarem mais ativamente do movimento. “O prestígio da FTL não está em baixa. A nossa produção é que não é tão divulgada”, explica. Um dos motivos disso é que o Boletim Teológico, publicação que reúne diversas produções de pensadores cristãos, deixou de ser produzido. Agora, uma das prioridades é o retorno da produção desse material e sua veiculação também pela internet.

“Quando se fala de Missão Integral, que é a bandeira da FTL, pensa-se em uma missão que não fique restrita à dimensão espiritual do ser humano, mas em sua totalidade – questões como ecologia, economia, política, relações sociais, justiça, violência e muitas outras”, ressalta o pastor Clemir Fernandes, segundo vice-presidente da organização. “Todas elas devem ser pensadas e vividas a partir das propostas bíblicas”. Ele lembra que a Missão Integral aproxima duas dimensões, a evangelização e a ação social. “Isso significa que se deve dar tanta atenção à tarefa evangelizadora da Igreja quanto à sua responsabilidade social”, conclui

Yuri Nikolai




Extraído de : http://cristianismohoje.com.br/ch/teologia-a-favor-do-mundo/

"A simplicidade do Evangelho"

A proposta de Jesus era resgatar o real sentido das ordenanças divinas

Um único trecho da Bíblia, o capítulo 12 do evangelho segundo Mateus, traz pequenos relatos em que é exposta a simplicidade de Jesus desmascarando a arrogância dos mestres da lei e dos fariseus de seu tempo. As autoridades religiosas do contexto histórico em que o Filho de Deus viveu neste mundo censuravam-no constantemente. Incomodados porque seus seguidores colhiam e comiam espigas no dia considerado sagrado, os fariseus reclamaram: “Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito no sábado” (Mateus 12.2). A estes, Jesus responde dizendo que a misericórdia era mais importante do que o sacrifício.

Mais adiante, os doutores continuaram procurando ocasião para acusá-lo como infrator da lei. Diante da cura de um enfermo em plena sinagoga, saíram-se com esta: “É lícito curar no sábado?” (vs. 10). Quando Jesus libertou um opresso das amarras dos demônios que o atormentavam, os escribas e fariseus blasfemaram: “Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios” (vs. 24). Por último, pediram ao Mestre que fizesse algum sinal (vs. 38). De forma indireta, Cristo responde que o principal sinal seria a sua própria ressurreição – mas advertiu que, mesmo assim, eles continuariam incrédulos.

Jesus foi muito perseguido pelos clérigos porque a sua mensagem os expunha. Os líderes judeus sobrecarregam o povo com obrigações inócuas, criando um sistema religioso que mantivesse seu poder e seus privilégios. O detalhe é que o Salvador não tinha dificuldades com a lei mosaica, pois foi o próprio Deus que a deu. O incômodo de Jesus era com os apetrechos e pesos que as autoridades religiosas vinham colocando sobre essa lei. Sua proposta era resgatar o real sentido das ordenanças divinas – e ele a expressou com uma proclamação antológica: “Vinde a mim vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. A religiosidade sobrecarrega, enquanto que a mensagem de Jesus alivia.

Dois mil anos se passaram, e quando analisamos o cristianismo que temos vivido, percebemos que também nós, à semelhança daqueles fariseus e doutores da lei, temos posto tantos apetrechos no Evangelho que a prática de nossa fé se torna pesada e confusa. A Igreja Evangélica de hoje vive às voltas com práticas doutrinárias e litúrgicas heterodoxas, colocando sobre os crentes um fardo de regras e obrigações difíceis de suportar. As organizações eclesiásticas do século 21 parecem envolvidas numa série de práticas que não a aproximam da verdadeira essência do Evangelho proposto pelo Salvador.


É necessário pensar no que de fato é a experiência do Reino de Deus e no que é simples ornamento. Podem ser ornamentos belos, úteis, justificáveis, funcionais e bem intencionados; práticas inteligentes, sofisticadas e com alto poder de alcance – no entanto, não é isso a essência da vida cristã. As estruturas eclesiásticas não são a Igreja. As coisas que construímos para facilitar a divulgação da fé não podem ser confundidas com o próprio Evangelho. Pastores vivem tentados a impressionar os ouvintes com o poder das suas palavras. Quando nos damos conta de que o teor estético das mensagens sobrepuja a espiritualidade, já estamos viciados em técnicas de oratória. É um efeito perverso, que se volta contra o próprio pregador. E o pior é que nem sempre a palavra profética cabe nos invólucros eclesiásticos.

Há a construção de uma dicotomia artificial nas nossas igrejas. Pensam alguns que espiritual é tudo que é apresentado numa roupagem exótica e excêntrica. Sob esta perspectiva, o que genuinamente vem de Deus é aquilo que é desconhecido e diferente. Em decorrência desse pensamento, práticas espirituais rotineiras como estudo da Bíblia, oração sistemática, serviço cristão e comunhão são vistos como traços da tradição que não provocam calor nem rubor. O templo, as organizações eclesiásticas, a liturgia, os programas e as atividades não são em si o Evangelho. É possível viver o Evangelho sem se envolver com essas estruturas eclesiásticas, assim como é possível estar totalmente envolvido com elas e não conhecer a Cristo.

Sofremos da epidemia que reduz Deus a coisas temporais da igreja ou na igreja. Acontece que quem vive para fazer um mecanismo funcionar com a força do próprio braço tende inexoravelmente à exaustão. Esgota-se quem carrega os apetrechos da fé. Talvez a confissão de pecado que tenhamos que fazer como Igreja cristã acentuadamente dogmática e institucionalizada seja por ter tirado Deus do centro e posto em seu lugar as coisas referentes a ele. O Espírito Santo pode agir dentro das estruturas que criamos, mas age também a despeito delas. Por isso, não é aconselhável que se baseie a vida em nome de um brasão eclesiástico ou denominacional, mas é coerente que aqueles que têm crido entreguem-se por completo ao Senhor, a fim de que o Evangelho floresça.



Valdemar Figueiredo Filho

extraído de: http://cristianismohoje.com.br/ch/a-simplicidade-do-evangelho/

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

“Eis que estou a porta e bato”

O Perigo de se colocar Cristo para fora de sua igreja ou vida

A cena é muito curiosa: o construtor e proprietário de uma casa do lado de fora pedindo para entrar. Estranho, afinal ela o pertence. Alguém que compra uma casa tem o direito de entrar nela.... Organizá-la do jeito que quer, isso não lhe parece justo? Criar as normas que mais lhe pareçam corretas, isso não lhe parece justo? Colocar os empregados para trabalhar segundo sua escolha, isso não lhe parece justo? Sem dúvida isso é justo. Afinal ele é o dono.

Mas quando pensamos na igreja quem é o seu dono? Claro Jesus, todos nós dizemos. Mas por que então sua vontade é tão discutida, seus princípios tidos como coisa daquele tempo tendo em vista que os dias são outros?

A Igreja de Laodicéia (em Apocalípse 3.14-22) ,uma antiga igreja da Ásia no primeiro século, foi advertida e acusada pelo Senhor Jesus de deixá-lo do lado de fora. Imagine, Jesus colocado pra fora da sua própria igreja! Claro que isso muitas vezes acontece de forma inconsciente. Mas acontece mais do que queremos reconhecer.

Isso aconteceu quando a igreja, ou o indivíduo, se torna morno , portanto, impróprio para a missão a que foi chamada:
v.15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!... porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.

Quando o cristão começa a ter uma visão de si muito diferente da que Deus tem dele  porque não quer ou não pode enxergar seu verdadeiro estado:
v.17 Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Afinal a opinião de quem importa?

Jesus aconselha a que se busque a visão de Deus para nossa vida. Mas, não fazer isso é enganar-se e traz sofrimentos:
v.18 aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas .

Talvez esse seja o motivo porque a presença de Jesus não é notada por vários, mesmo na igreja. Talvez verdadeiramente Ele esteja sendo colocado do lado de fora das vidas e famílias de muita gente. Até mesmo de alguns que não notam a Sua presença.

Convíde-o a que entre em sua vida. Uma religião vazia da Sua presença é mera religiosidade. A presença de Cristo na vida daqueles que se submetem a ele traz consolo, paz, segurança, amor e perdão. Em suas palavras Jesus Cristo disse:
Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. (Mateus 11.28)

Adison Toledo