sábado, 2 de julho de 2011

A ÉTICA E A POLÍTICA NO PENSAMENTO DE MAQUIAVEL & A LIDERANÇA E EXERCÍCIO DO PODER NA MODERNIDADE

        Maquiavel é o teórico que se destaca por sua visão realista, temporal, sem apelar às metafísicas para tomada e sustentação do poder. A tomada do poder, sua manutenção ou a liberdade na polis, ou principado não são frutos dos desígnios divinos, mas da ação de homens desejosos uns por dominar e outros pela liberdade.
Em 10 dezembro de 1513 Nicoló Machiavelli, ou como nos é chamado Nicolau Maquiavel, redige uma correspondência a um amigo, Lorenzo de Medici, apresentando algumas considerações que considera importantes. Para Maquiavel é o melhor presente que poderia oferecer ao nobre. Trata-se de um livrinho no qual apresenta sua teoria prática quanto à tomada de um Estado e sua manutenção. O livro tem como endereço histórico a Itália. E essa deve ser a chave hermenêutica para todo o livro. Não se tratando como ele mesmo diz a descrição de fatos imaginados de repúblicas que ninguém nunca viu. É uma situação real que desperta a atenção e criatividade de Maquiavel.
Sua capacidade de descrever tais conceitos é devido a sua experiência como diplomata em Florença, Itália, entre os anos de 1498 a 1512.  Mas, depois da retomada de Florença das mãos da família Bórgia pelos Medici é torturado e colocado sobre prisão domiciliar acusado de traição[1]. É em sua reclusão que pode reler vários clássicos e dialogar com autores do passado propondo assim seus conselhos práticos ao amigo.
Tem ele como formas políticas para Maquiavel a República e os Principados. No entanto, ele se dedica ao segundo por conta de seu interesse de despertar a atenção de um príncipe libertador para Itália.[2]
Maquiavel descreve a grande possibilidade de estabilidade de governo para um príncipe num Estado hereditário e que nutrem afeição a linhagem. O que não acontece facilmente na formação de um Estado novo. Contudo é crucial para que se mantenha o controle do Estado que outros não tenham maior poder que o príncipe. (cap. II e III).
Esse governo nos principados pode ser de duas formas: pelo príncipe que tem seus súditos como servos que o auxiliam por causa da  graça e sua concessão, ou o exercido pelo príncipe junto com barões, que desfrutam o poder respeitando hierarquia sanguínea. Este último se tornando um dispersor do poder. Na política de Maquiavel dividir o poder com outros grandes não é a melhor situação para um governo estável.
Para a manutenção do poder é necessário existirem fundamentos ofensivos e defensivos que não podem ser desassociados ao governo do príncipe: a lei e as armas. Quando da impossibilidade da coexistência de ambos, as armas são elemento prioritário. Contudo, deve-se observar que a tomado e manutenção do poder do Estado através da armas de outros não seja a melhor escolha, descrevendo surgimento de mais problemas no futuro.
Quanto ao modo de se tomar mo poder Maquiavel destaca quatro formas:
A virtude (cap VI) que para Maquiavel esta relacionada ao uso da capacidade pessoa e racional.  Não é o mesmo que a virtude cristã baseada no comportamento moral. A virtude aqui é a boa qualidade da alma como disposição firme da parte racional do homem que se representa no possuir força, no poder, na eficácia nas atividades humanas.[3]. Destaca lideres como Moisés e Ciro como exemplo de príncipes virtuosos que pela sua própria virtude se tornaram príncipes. No caso de Moises não considerando a ação divina. Esta é, portanto, a atitude que se opõe a baseada na sorte.
O segundo modo é através da fortuna. Sendo ela circunstancias que cercam as ações, e de certa forma determina a tomada de poder contando com a fortuna não exige do príncipe qualidades especiais.[4] Esta é a sorte ou o acaso dominando os fatos.
A violência (Cap VIII) é forma de tomada de poder  que não está relacionado nem a  fortuna nem a virtude. O que usa deste experiente usa meios nefastos e criminosos e utilizará de violência para se manter no poder. Quem adota esta forma de poder deverá se preparar pra enfrentar rebeliões constantes. O que o levará a aplicar atitudes continuas de violência e truculência. Assim a ordem “equivale à violência administrativa”.[5] Essa violência perpetuada não é vista como boa para Maquiavel. Isto pode ser entendo pelo fato de a aplicação da violência e da força pode não ser verdadeiramente poder exercido pois “poder é a modificação da conduta do indivíduo ou grupo, dotada de um mínimo de vontade própria”.[6]
 Finalmente acesso ao poder por meio do consentimento dos cidadãos (Cap. IX). Nesta forma de principado o  cidadão privado torna-se príncipe de sua pátria não por violência ou perfídia mas com o favor dos concidadãos, que são o povo ou os maiorais[7]. Este modo o autor chama de “principado civil”. Aqui é observada a necessidade de virtude ou muita fortuna, mas com diz Maquiavel “astucia afortunada”. Isso decorre da existência de duas tendências antagônicas dentro da polis: de um lado o povo que não quer ser dominado nem oprimido e de outro os poderosos que querem governar e oprimir o povo.  E desses anseios surge ou principado, ou a liberdade, ou a desordem.
A subida ao poder por meio do povo se torna a melhor opção tendo em vista que, apesar de serem muitos, não são seus iguais, não se ocupam da mesma tarefa, a de governar. Assim o povo se torna mais propício a obediência. O príncipe deve ter o povo em amizade e mantê-los sempre dependentes do Estado.
Ao contrário do que se costuma afirmar, Maquiavel deixa notar ter em mente certa moralidade, pois o poder não seria é o alvo final da ação política. A perpetuação do principado depende de certa legitimação por parte dos súditos[8].Mas a conduta do príncipe é norteada em primeiro lugar pela eficácia. Sem ela a política perde sentido.[9]
Esta visão traz em Maquiavel uma postura política quanto a moral. Política e moral têm o mesmo campo de ocorrência: a ação humana, todavia, distinguem-se nos diferentes critérios de avaliação e justificação as das ações. Assim, enquanto o critério de julgamento de ação moral é o respeito a uma norma absoluta e indiscutível, o critério do julgamento político é o resultado esperado[10].
Assim a ética, pelo menos a cristã não é vista como chave para o sucesso e sim a pagã que valoriza a polis.[11]
 Sua ética política pode ser observada nos capítulos que aborda, por exemplo, o proceder do príncipe que é sempre realista. Entende haver grande distancia entre o ideal e a prática. E adverte que o que abandona do prático em detrimento do que deveria a ser levará a ruína.
O homem real é, por assim dizer, detentor de atributos louváveis e reprováveis o que se espera do príncipe é que seja tão somente prudente fugindo dos vícios que o fariam perder o poder.  Assim, atitudes que aparentam virtudes como a liberalidade podem acarretar a ruína e enquanto alguns vícios aparentes contribuem para segurança e bem estar.
Contudo, Maquiavel aparenta não ser tão “maquiavélico”, pois declara que seria melhor prática da piedade (cap XVII) e não a crueldade. A ação do príncipe precisa de equilíbrio e “ser lento no crer e no agir”.  É no caso de impossibilidades ser amado que ser temido como um leão se torna o melhor opção.  Orienta ao príncipe a observando sempre a se abster da tomada dos bens e as mulheres de seus cidadãos e súditos e o não derramamento de sangue desnecessariamente.
Outro aspecto desse agir do príncipe é a tática da aparência, da dissimulação. Fazer parecer possuir todas as virtudes é tão importante quanto te-las. E é nessa sagacidade, esperteza da raposa que consegue perceber as ciladas e armadilhas dos inimigos da manutenção do poder. Essa simulação e falsidade é justificável na  sua ética política tem em vista que o objetivo maior é a eficiência na perspectiva dos interesses do próprio príncipe. Essa ação dissimulada pode encarada como virtuosa. Quanto maior capacidade de controlar Fortuna maior glória para si e manutenção do Estado[12]
Concluo, afirmando que Maquiavel está visualizado seu tempo, sua polis. Por experiência pode notar que o status político deve ser exercido com virtude, a capacidade de driblar as situações adversas ou aproveitar-se no máximo das oportunidades apresentadas. Na tensão continua entre os que querem esquecer domínio e os que querem a liberdade a política baseada exclusivamente na moral cristã não consegue se manter.

Ele propõe uma nova maneira de ver e fazer política, que deve estar mais nas mãos dos homens do que na mão de Deus ou sorte. Isso exatamente por causa da natureza dupla homem-animal do ser humano. O poder e a ordem devem ser mantidos pela lei e pela força. Se não for possível a coexistência que não falte a força.

Maquiavel faz escola e muitas das seus conselhos são seguidos a risca por muitos, se não a maioria daqueles que exercem poder em nosso tempo: os políticos, empresários, chefes e mesmo líderes religiosos.

O poder ou controle se mantém mais pelo uso da força e dissimulação do que exemplo e competencias. E a ética empregada é a do Gerson : a do querer levar vantagem em tudo.

É bom lembrar que esta não é a forma indicada no Novo Testamento para aqueles que exercem qualquer tipo de liderança ou exercício de poder. Em outras palavras, poder não deve ser correlato ao emprego da força, coação ou constrangimento
                                                                                                                                    Adilson J T Toledo


BIBLIOGRAFIA
 MAQUIAVEL. O Príncipe. Disponível em: http://www.clube-de-leituras.pt/upload/e_livros/clle000049.pdf (Acesso em 15/02/2011)
KRITSCH, Raquel. Maquiavel e a construção da política. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452001000200009&lng= pt&nrm=iso  (Acesso em 15/02/2011)
RIBEIRO, Renato Janine. Um pensador da ética. Disponível em: http://www.renatojanine.pro.br/FiloPol/pensador.html (Acesso em 19/03/2011)
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Lisboa. Publicações Dom Quixote, 1978.
BOBBIO, Noberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINI, Gianfranco. Dicionário de Filosofia Política V. 1 . 11ª Ed.Universidade de Brasília, 1998
KENNY, Antony. História Concisa da Filosofia Ocidental. 1ª Ed. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Filosofia, 1999.

      


1] KENNY, Antony. História Concisa da Filosofia Ocidental. 1ª Ed.  Lisboa: Sociedade Portuguesa de Filosofia, 1999. p 248
     [2] RIBEIRO, Renato Janine. Um pensador da ética. Disponível em: http://www.renatojanine.pro.br/FiloPol/pensador.html (Acesso em 19/03/2011). Vale notar que em “os Discursos” Maquiavel é visto como um republicano
[3] MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Lisboa. Publicações Dom Quixote, 1978.
    [4] KRITSCH, Raquel. Maquiavel e a construção política. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452001000200009&lng=pt&nrm=iso (Acesso em 15/02/2011). p.184
[5] Ibid, p.184
      [6] BOBBIO, Noberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINI, Gianfranco. Dicionário de Filosofia Política V. 1 . 11ª Ed.Universidade de Brasília, 1998. p. 1291-1292
[7] Este tipo de principado é o que esta de fato nos planos de Maquiavel ao direcionar-se a um membro da família Medici, família de banqueiros que alcançou grande projeção em Florença, Itália. ( KENNY, Antony.História Concisa da Filosofia Ocidental. 1ª Ed. Lisboa. Sociedade Portuguesa de Filosofia, 1999. p.247)
[8] KRITSCH, Raquel. Maquiavel e a construção política. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452001000200009&lng=pt&nrm=iso
(Acesso em 15/02/2011). p.183
[9] ibid, p.18
    [10] ibid,  p. 186
   [11] RIBEIRO, Renato Janine. Um pensador da ética. Disponível em: http://www.renatojanine.pro.br/FiloPol/pensador.html (Acesso em 19/03/2011)
[ 12]  KRITSCH, Raquel. Maquiavel e a construção política. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452001000200009&lng=pt&nrm=iso
(Acesso em 15/02/2011). p.188

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Orientação Pastoral Sobre o Aborto (Israel Belo de Azevedo)

Segue a baixo excelente abordagem do tema Aborto. Dr Israel de Azevedo é teólogo, filósofo, escritor e pastor batista. Vale assistir e divulgar este vídeo



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Valor de Uma Boa Amizade



“... mas há amigos mais chegados que um irmão.” Provérbios 18.24
 
Desde pequenos aprendemos que não estamos sozinhos no mundo. Há outros na família, no bairro, na escola e em muitos outros lugares do mundo. Os outros são na verdade parte da nossa vida. Como imaginar-se vivendo sem ninguém por perto? Desses outros no mundo alguns se tornam amigos, nossos amigos. Quem não os tem cria um de faz de contas, pois um amigo faz nossa vida melhor. (isso me faz lembrar o filme “o naufrago”).

O amigo de verdade gosta da gente. E às vezes nem se entende a razão deste gostar. Mas ser amigo é ser companheiro, é prestar socorro quando necessário; é sorrir quando o outro está alegre, mas é também chorar quando o outro está chorando. Ser amigo é se importar e até mesmo se incomodar quando algo não está bem.

A amizade pode ser comparada com uma flor. Por mais bela e perfumada que possa se apresentar carece de cultivo e trato. Mantemos boas amizades quando cultivamos bons relacionamentos e retiramos de nós sentimentos e atitudes más que prejudicam a aproximação e permanência dos outros por perto.

Um amigo faz nossa vida melhor. Deus nos dá a oportunidade de termos amigos no decorrer de nossa vida. Se amizade pode se comparar a uma flor, muitos amigos formam então um jardim. A propósito quantas flores existem no seu jardim da amizade?

As vezes boas amizades são perdidas por falta de cuidado e investimento. Lembrou de alguém? Vai, vale a pena investir.

Só mais uma coisa: não esperemos unicamente por bons amigos, sejamos o bom amigo para alguém.


Pastor Adilson Toledo



sábado, 24 de julho de 2010

Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil

STBSB tem sido uma benção a mais de cem anos não só para os batistas brasileiros como a extrangeiros e membros de outras igrejas evangélicas. Vale a pena conhecê-lo.
Prédio de Teologia em destaque
Biblioteca e Capela em visão noturna
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Grande Biblioteca com obras raras


Visite:

http://www.seminariodosul.com.br/site/

veja:
http://www.youtube.com/watch?v=poMez-3I8h8





Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira

INTRODUÇÃO


Os discípulos de Jesus Cristo que vieram a ser designados pelo nome batista se caracterizavam pela sua fidelidade às Escrituras e por isso só recebiam em suas comunidades, como membros atuantes, pessoas convertidas pelo Espírito Santo de Deus. Somente essas pessoas eram por eles batizadas e não reconheciam como válido o batismo administrado na infância por qualquer grupo cristão, pois, para eles, crianças recém-nascidas não podiam ter consciência de pecado, regeneração, fé e salvação. Para adotarem essas posições eles estavam bem fundamentados nos Evangelhos e nos demais livros do Novo Testamento. A mesma fundamentação tinham todas as outras doutrinas que professavam. Mas sua exigência de batismo só de convertidos é que mais chamou a atenção do povo e das autoridades, daí derivando a designação “batista” que muitos supõem ser uma forma simplificada de “anabatista”, “aquele que batiza de novo”.

A designação surgiu no século 17, mas aqueles discípulos de Jesus Cristo estavam espiritualmente ligados a todos os que, através dos séculos, procuraram permanecer fiéis aos ensinamentos das Escrituras, repudiando, mesmo com risco da própria vida, os acréscimos e corrupções de origem humana.

Através dos tempos, os batistas se têm notabilizado pela defesa destes princípios:

1º) A aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta.

2º) O conceito de igreja como sendo uma comunidade local democrática e autônoma, formada de pessoas regeneradas e biblicamente batizadas.

3º) A separação entre igreja e estado.

4º) A absoluta liberdade de consciência.

5º) A responsabilidade individual diante de Deus.

6º) A autenticidade e apostolicidade das igrejas.

Caracterizam-se também os batistas pela intensa e ativa cooperação entre suas igrejas. Não havendo nenhum poder que possa constranger a igreja local, a não ser a vontade de Deus, manifestada através de seu Santo Espírito, os batistas, baseados nesse princípio da cooperação voluntária das igrejas, realizam uma obra geral de missões, em que foram pioneiros entre os evangélicos nos tempos modernos; de evangelização, de educação teológica, religiosa e secular; de ação social e de beneficência. Para a execução desses fins, organizam associações regionais e convenções estaduais e nacionais, não tendo estas, no entanto, autoridade sobre as igrejas; devendo suas resoluções ser entendidas como sugestões ou apelos.

Para os batistas, as Escrituras Sagradas, em particular o Novo Testamento, constituem a única regra de fé e conduta, mas, de quando em quando, as circunstâncias exigem que sejam feitas declarações doutrinárias que esclareçam os espíritos, dissipem dúvidas e reafirmem posições. Cremos estar vivendo um momento assim no Brasil, quando uma declaração desse tipo deve ser formulada, com a exigência insubstituível de ser rigorosamente fundamentada na palavra de Deus. É o que faz agora a Convenção Batista Brasileira, nos 19 artigos que seguem:


I- Escrituras Sagradas

A Bíblia é a palavra de Deus em linguagem humana. 1 É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens.2 Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo.3 Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes, e promover a glória de Deus.4 Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina.5 Revela o destino final do mundo e os critérios pelo qual Deus julgará todos os homens.6 A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas as doutrinas e a conduta dos homens.7 Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo.8

1 Sl 119.89; Hb 1.1; Is 40.8; Mt 24.35; Lc 24.44,45; Jo 10.35; Rm 3.2; 1Pe 1.25; 2Pe 1.21

2Is 40.8; Mt 22.29; Hb 1.1,2; Mt 24.35; Lc 24.44,45; 16.29; Rm 16.25,26; 1Pe 1.25

3 Ex 24.4; 2Sm 23.2; At 3.21; 2Pe 1.21

4 Lc 16.29; Rm 1.16; 2Tm 3.16,17; 1Pe 2.2; Hb 4.12; Ef 6.17; Rm 15.4

5 Sl 19.7-9; 119.105; Pv 30.5; Jo 10.35; 17.17; Rm 3.4; 15.4; 2Tm 3.15-17

6 Jo 12.47,48; Rm 2.12,13

7 2Cr 24.19; Sl 19.7-9; Is 34.16; Mt 5.17,18; Is 8.20; At 17.11; Gl 6.16; Fp 3.16; 2Tm 1.13

8 Lc 24.44,45; Mt 5.22,28,32,34,39; 17.5; 11.29,30; Jo 5.39,40; Hb 1.1,2; Jo 1.1,2,14


II- Deus

O único Deus vivo e verdadeiro é Espírito pessoal, eterno, infinito e imutável; é onipotente, onisciente, e onipresente; é perfeito em santidade, justiça, verdade e amor.1 Ele é o criador, sustentador, redentor, juiz e Senhor da história e do universo, que governa pelo seu poder, dispondo de todas as coisas, de acordo com o seu eterno propósito e graça.2 Deus é infinito em santidade e em todas as demais perfeições.3 Por isso, a ele devemos todo o amor, culto e obediência.4 Em sua triunidade, o eterno Deus se revela como Pai, Filho e Espírito Santo, pessoas distintas mas sem divisão em sua essência.5

1 Dt 6.4; Jr 10.1; Sl 139; 1Co 8.6; 1Tm 2.5,6; Ex 3.14; 6.2,3; Is 43.15; Mt 6.9; Jo 4.24; 1Tm 1.17; Ml 3.6; Tg 1.17; 1Pe 1.16,17

2 Gn 1.1; 17.1; Ex 15.11-18; Is 43.3; At 17.24-26; Ef 3.11; 1Pe 1.17

3 Ex 15.11; Is 6.2; 57.15; Jó 34.10

4 Mt 22.37; Jo 4.23,24; 1Pe 1.15,16

5 Mt 28.19; Mc 1.9-11; 1Jo 5.7; Rm 15.30; 2Co 13.13; Fp 3.3


1- Deus Pai

Deus, como Criador, manifesta disposição paternal para com todos os homens.1 Historicamente ele se revelou primeiro como pai ao povo de Israel, que escolheu consoante os propósitos de sua graça.2 Ele é Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem enviou a este mundo para salvar os pecadores e deles fazer filhos por adoção.3 Aqueles que aceitam a Jesus Cristo e nele crêem são feitos filhos de Deus, nascidos pelo seu espírito, e, assim, passam a tê-lo como Pai celestial, dele recebendo proteção e disciplina.4

1 Is 64.8; Mt 6.9; 7.11; At 17.26-29; 1Co 8.6; Hb 12.9

2 Ex 4.22,23; Dt 32.6-18; Is 1.2,3; 63.16; Jr 31.9

3 Sl 2.7; Mt 3.17; 17.5; Lc 1.35; Jo 1.12

4 Mt 23.9; Jo 1.12,13; Rm 8.14-17; Gl 3.26; 4.4-7; Hb 12.6-11


2- Deus Filho

Jesus Cristo, um em essência com o Pai, é o eterno Filho de Deus.1 Nele, por ele e para ele, foram criadas todas as coisas.2 Na plenitude dos tempos ele se fez carne, na pessoas real e histórica de Jesus Cristo, gerada pelo Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, sendo, em sua pessoa, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.3 Jesus é a imagem expressa do seu Pai, a revelação suprema de Deus ao homem.4 Ele honrou e cumpriu plenamente a lei divina e revelou e obedeceu toda a vontade de Deus.5 Identificou-se perfeitamente com os homens, sofrendo o castigo e expiando a culpa de nossos pecados, conquanto ele mesmo não tivesse pecado.6 Para salvar-nos do pecado, morreu na cruz, foi sepultado e ao terceiro dia ressurgiu dentre os mortos e, depois de aparecer muitas vezes a seus discípulos, ascendeu aos céus, onde à destra do Pai, exerce o seu eterno sumo sacerdócio.7 Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens e o único e suficiente Salvador e Senhor.8 Pelo seu Espírito ele está presente e habita no coração de cada crente e na igreja.9 Ele voltará visivelmente a este mundo em grande poder e glória, para julgar os homens e consumar sua obra redentora.10

1 Sl 2.7; 110.1; Mt 1.18-23; 3.17; 8.29; 14.33; 16.16,27; 17.5; Mc 1.1; Lc 4.41; 22.70; Jo 1.1,2; 11.27; 14.7-11; 16.28

2 Jo 1.3; 1Co 8.6; Cl 1.16,17

3 Is 7.14; Lc 1.35; Jo 1.14; Gl 4.4,5

4 Jo 14.7-9; Mt 11.27; Jo 10.30,38; 12.44-50; Cl 1.15,19; 2.9; Hb 1.3

5 Is 53; Mt 5.17; Hb 5.7-10

6 Rm 8.1-3; Fp 2.1-11; Hb 4.14,15; 1Pe 2.21-25

7 At 1.6-14; Jo 19.30,35; Mt 28.1-6; Lc 24.46; Jo 20.1-20; At 2.22-24; 1Co 15.4-8

8 Jo 14.6; At 4.12; 1Tm 2.4,5; At 7.55,56; Hb 4.14-16; 10.19-23

9 Mt 28.20; Jo 14.16,17; 15.26; 16.7; 1Co 6.19

10 At 1.11; 1Co 15.24-28; 1Ts 4.14-18; Tt 2.13


3- Deus Espírito Santo

O Espírito Santo, um em essência com o Pai e com o Filho, é pessoa divina.1 É o Espírito da verdade.2 Atuou na criação do mundo e inspirou os homens a escreverem as Sagradas Escrituras.3 Ele ilumina os homens e os capacita a compreenderem a verdade divina.4 No dia de Pentecostes, em cumprimento final da profecia e das promessas quanto à descida do Espírito Santo, ele se manifestou de maneira singular, quando os primeiros discípulos foram batizados no Espírito, passando a fazer parte do Corpo de Cristo que é a Igreja. Suas outras manifestações, constantes no livro Atos dos Apóstolos, confirmam a evidência de universalidade do dom do Espírito Santo a todos os que crêem em Cristo.5 O recebimento do Espírito Santo, sempre ocorre quando os pecadores se convertem a Jesus Cristo, que os integra, regenerados pelo Espírito, à igreja.6 Ele dá testemunho de Jesus Cristo e o glorifica.7 Convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo.8 Opera a regeneração do pecador perdido.9 Sela o crente para o dia da redenção final.10 Habita no crente.11 Guia-o em toda a verdade.12 Capacita-o para obedecer à vontade de Deus.13 Distribui dons aos filhos de Deus para a edificação do Corpo de Cristo e para o ministério da Igreja no mundo.14 Sua plenitude e seu fruto na vida do crente constituem condições para uma vida cristã vitoriosa e testemunhante.15

1 Gn 1.2; Jó 23.13; Sl 51.11; 139.7-12; Is 61.1-3; Lc 4.19,18; Jo 4.24; 14.16,17; 15.26; Hb 9.14; 1Jo 5.6,7; Mt 28.19

2 Jo 16.13; 14.17; 15.26

3 Gn 1.2; 2Tm 3.16; 2Pe 1.21

4 Lc 12.12; Jo 14.16,17,26; 1Co 2.10-14; Hb 9.8

5 Jl 2.28-32; At 1.5; 2.1-4; Lc 24.29; At 2.41; 8.14-17; 10.44-47; 19.5-7; 1Co 12.12-15

6 At 2.38,39; 1Co 12.12-15

7 Jo 14.16,17; 16.13,14

8 Jo 16.8-11

9 Jo 3.5; Rm 8.9-11

10 Ef 4.30

11 Rm 8.9-11

12 Jo 16.13

13 Ef 5.16-25

14 1Co 12.7,11; Ef 4.11-13

15 Ef 15.18-21; Gl 5.22,23; At 1.8


III- O Homem

Por um ato especial, o homem foi criado por Deus à sua imagem e conforme à sua semelhança e disso decorrem o seu valor e dignidade.1 Seu corpo foi feito do pó da terra e para o mesmo pó há de voltar.2 Seu espírito procede de Deus e para ele retornará.3 O criador ordenou que o homem domine, desenvolva e guarde a obra criada.4 Criado para a glorificação de Deus.5 Seu propósito é amar, conhecer e estar em comunhão com seu Criador, bem como cumprir sua divina vontade.6 Ser pessoal e espiritual, o homem tem capacidade de perceber, conhecer e compreender, ainda que em parte, intelectual e experimentalmente, a verdade revelada, e tomar suas decisões em matéria religiosa, sem mediação, interferência ou imposição de qualquer poder humano, seja civil ou religioso.7

1 Gn 1.26-31; 18.22; 9.6; Sl 8.1-9; Mt 16.26

2 Gn 2.7; 3.19; Ec 3.20; 12.7

3 Ec 12.7; Dn 12.2,3

4 Gn 1.21; 2.1; Sl 8.3-8

5 At 17.26-29; 1Jo 1.3,6,9

6 Jr 9.23,24; Mq 6.8; Mt 6.33; Jo 14.23; Rm 8.38,39

7 Jo 1.4-13; 17.3; Ec 5.14,17; 1Tm 2.5; Jó 19.25,26; Jr 31.3; At 5.29; Ez 18.20; Dn 12.2; Mt 25.32,46; Jo 5.29; 1Co 15; 1Ts 4.16,17; Ap 20.11-30


IV- O Pecado

No princípio o homem vivia em estado de inocência e mantinha perfeita comunhão com Deus.1 Mas, cedendo à tentação de Satanás, num ato livre de desobediência contra seu Criador, o homem caiu no pecado e assim perdeu a comunhão com Deus e dele ficou separado.2 Em conseqüência da queda de nossos primeiros pais, todos somos, por natureza, pecadores e inclinados à prática do mal.3 Todo pecado é cometido contra Deus, sua pessoa, sua vontade e sua lei.4 Mas o mal praticado pelo homem atinge também o seu próximo.5 O pecado maior consiste em não crer na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, como salvador pessoal.6 Como resultado do pecado, da incredulidade e da desobediência do homem contra Deus, ele está sujeito à morte e à condenação eterna, além de se tornar inimigo do próximo e da própria criação de Deus.7 Separado de Deus, o homem é absolutamente incapaz de salvar-se a si mesmo e assim depende da graça de Deus para ser salvo.8

1 Gn 2.15-17; 3.8-10; Ec 7.29

2 Gn 3; Rm 5.12-19; Ef 2.12; Rm 3.23

3 Gn 3.12; Rm 5.12; Sl 51.15; Is 53.6; Jr 17.5; Rm 1.18-27; 3.10-19; 7.14-25; Gl 3.22; Ef 2.1-3

4 Sl 51.4; Mt 6.14; Rm 8.7-22

5 Mt 6.14,15; 18.21-35; 1Co 8.12; Tg 5.16

6 Jo 3.36; 16.9; 1Jo 5.10-12

7 Rm 5.12-19; 6.23; Ef 2.5; Gn 3.18; Rm 8.22

8 Rm 3.20; Gl 3.10,11; Ef 2.8,9


V- Salvação

A salvação é outorgada por Deus pela sua graça, mediante arrependimento do pecador e da sua fé em Jesus Cristo como único Salvador e Senhor.1 O preço da redenção eterna do crente foi pago de uma vez por Jesus Cristo, pelo derramamento do seu sangue na cruz.2 A salvação é individual e significa a redenção do homem na inteireza do seu ser.3 É um dom gratuito que Deus oferece a todos os homens e que compreende a regeneração, a justificação, a santificação e a glorificação.4

1 Sl 37.39; Is 55.5; Sf 3.17; Tt 2.9-11; Ef 2.8,9; At 15.11; 4.12

2 Is 53.4-6; 1Pe 1.18-25; 1Co 6.20; Ef 1.7; Ap 5.7-10

3 Mt 116.24; Rm 10.13; 1Ts 5.23,24; Rm 5.10

4 Rm 6.23; Hb 2.1-4; Jo 3.14; 1Co 1.30; At 11.18


A regeneração é o ato inicial da salvação em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo. É obra do Espírito Santo em que o pecador recebe o perdão, a justificação, a adoção como filho de Deus, a vida eterna e o dom do Espírito Santo. Nesse ato o novo crente é batizado no Espírito Santo, é por ele selado para o dia da redenção final, e é liberto do castigo eterno dos seus pecados.1 Há duas condições para o pecador ser regenerado: arrependimento e fé. O arrependimento implica mudança radical do homem interior, por força do que ele se afasta do pecado e se volta para Deus. A fé é a confiança e aceitação de Jesus Cristo como Salvador e a total entrega da personalidade a ele por parte do pecador.2 Nessa experiência de conversão o homem perdido é reconciliado com Deus, que lhe concede perdão, justiça e paz.3

1 Dt 30.6; Ez 36.26; Jo 3.3-5; 1Pe 1.3; 2Co 5.17; Ef 4.20-24

2 Tt 3.5; Rm 8.2; Jo 1.11-13; Ef 4.32; At 11.17

3 2Co 1.21,22; Ef 4.30; Rm 8.1; 6.22


A justificação, que ocorre simultaneamente com a regeneração, é o ato pelo qual Deus, considerando os méritos do sacrifício de Cristo, absolve, no perdão, o homem de seus pecados e o declara justo, capacitando-o para uma vida de retidão diante de Deus e de correção diante dos homens.1 Essa graça é concedida não por causa de quaisquer obras meritóritas praticadas pelo homem mas por meio de sua fé em Cristo.2


1 Is 53.11; Rm 8.33; 3.24

2 Rm 5.1; At 13.19; Mt 9.6; 2Co 5.31; 1Co 1.30

3 Gl 5.22; Fp 1.9-11


A santificação é o processo que, principiando na regeneração, leva o homem à realização dos propósitos de Deus para sua vida e o habilita a progredir em busca da perfeição moral e espiritual de Jesus Cristo, mediante a presença e o poder do Espírito Santo que nele habita.1 Ela ocorre na medida da dedicação do crente e se manifesta através de um caráter marcado pela presença e pelo fruto do Espírito, bem como por uma vida de testemunho fiel e serviço consagrado a Deus e ao próximo.2

1 Jo 17.17; 1Ts 4.3; 5.23; 4.7

2 Pv 4.18; Rm 12.1,2; Fp 2.12,13; 2Co 7.1; 3.18; Hb 12.14; Rm 6.19


A glorificação é o ponto culminante da obra da salvação.1 É o estado final, permanente, da felicidade dos que são redimidos pelo sangue de Cristo.2

1 Rm 8.30; 2Pe 1.10,11; 1Jo 3.2; Fp 3.12; Hb 6.11

2 1Co 13.12; 1Ts 2.12; Ap 21.3,4


VI- Eleição

Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por qualquer mérito, mas segundo a riqueza da sua graça.1 Antes da criação do mundo, Deus, no exercício da sua soberania divina e à luz de sua presciência de todas as coisas, elegeu, chamou, predestinou, justificou e glorificou aqueles que, no correr dos tempos, aceitariam livremente o dom da salvação.2 Ainda que baseada na soberania de Deus, essa eleição está em perfeita consonância com o livre-arbítrio de cada um e de todos os homens.3 A salvação do crente é eterna. Os salvos perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de Deus.4 Nenhuma força ou circunstância tem poder para separar o crente do amor de Deus em Cristo Jesus.5 O novo nascimento, o perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação.6

1 Gn 12.1-3; Ex 19.5,6; Ez 36.22,23,32; 1Pe 1.2; Rm 9.22-24; 1Ts 1.4

2 Rm 8.28-30; Ef 1.3-14; 2Ts 2.13,14

3 Dt 30.15-20; Jo 15.16; Rm 8.35-39; 1Pe 5.10

4 Jo 3.16,36; Jo 10.28,29; 1Jo 2.19

5 Mt 24.13; Rm 8.35-39

6 Jo 10.28; Rm 8.35-39; Jd 24


VII- Reino de Deus

O reino de Deus é o domínio soberano e universal de Deus e é eterno.1 É também o domínio de Deus no coração dos homens que, voluntariamente, a ele se submetem pela fé, aceitando-o como Senhor e Rei. É, assim, o reino invisível nos corações regenerados que opera no mundo e se manifesta pelo testemunho dos seus súditos.2 A consumação do reino ocorrerá com a volta de Jesus Cristo, em data que só Deus conhece, quando o mal será completamente vencido e surgirão o novo céu e a nova terra para a eterna habitação dos remidos com Deus.3



1 Dn 2.37-44; Is 9.6,7

2 Mt 4.17; Lc 17.20; 4.43; Jo 18.36; 3.3-5

3 Mt 25.31-46; 1Co 15.24; Ap 11.15


VIII- Igreja

Igreja é uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé. É nesse sentido que a palavra “igreja” é empregada no maior número de vezes nos livros do Novo Testamento.1 Tais congregações são constituídas por livre vontade dessas pessoas com finalidade de prestarem culto a Deus, observarem as ordenanças de Jesus, meditarem nos ensinamentos da Bíblia para a edificação mútua e para a propagação do evangelho.2 As igrejas neotestamentárias são autônomas, têm governo democrático, praticam a disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pelas palavras de Deus, sob a orientação do Espírito Santo.3 Há nas igrejas, segundo as escrituras, duas espécies de oficiais: pastores e diáconos. As igrejas devem relacionar-se com as demais igrejas da mesma fé e ordem e cooperar, voluntariamente, nas atividades do reino de Deus. O relacionamento com outras entidades, quer seja de natureza eclesiástica ou outra, não deve envolver a violação da consciência ou o comprometimento da lealdade a Cristo e sua palavra. Cada igreja é um templo do Espírito Santo.4 Há também no Novo Testamento um outro sentido da palavra “igreja” em que ela aparece como a reunião universal dos remidos de todos os tempos, estabelecida por Jesus Cristo e sobre ele edificada, constituindo-se no corpo espiritual do Senhor, do qual ele mesmo é a cabeça. Sua unidade é de natureza espiritual e se expressa pelo amor fraternal, pela harmonia e cooperação voluntária na realização dos propósitos comuns do reino de Deus.5

1 Mt 18.17; At 5.11; 20.17-28; 1Co 4.17

2 At 2.41,42

3 Mt 18.15-17

4 At 20.17,28; Tt 1.5-9; 1Tm 3.1-13

5 Mt 16.18; Cl 1.18; Hb 12.22-24; Ef 1.22,23



IX- O Batismo e a Ceia do Senhor

O batismo e a ceia do Senhor são as duas ordenanças da igreja estabelecidas pelo próprio Jesus Cristo, sendo ambas de natureza simbólica.1 O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal.2 Simboliza a morte e sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma nova vida em identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo e também prenúncio da ressurreição dos remidos.3

O batismo, que é condição para ser membro de uma igreja, deve ser ministrado sob a invocação do nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.4 A ceia do Senhor é uma cerimônia da igreja reunida, comemorativa e proclamadora da morte do Senhor Jesus Cristo, simbolizada por meio dos elementos utilizados: O pão e o vinho.5 Nesse memorial o pão representa seu corpo dado por nós no Calvário e o vinho simboliza o seu sangue derramado.6 A ceia do Senhor deve ser celebrada pelas igrejas até a volta de Cristo e sua celebração pressupõe o batismo bíblico e o cuidadoso exame íntimo dos participantes.7



1 Mt 3.5,6,13-17; Jo 3.22,23; 4.1,2; 1Co 11.20,23-30

2 At 2.41,42; 8.12,36-39; 10.47,48

3 Rm 6.3-5; Gl 3.27; Cl 2.12

4 Mt 28.19; At 2.38,41,42; 10.48

5, 6 Mt 26.26-29; 1Co 10.16,17-21; 11.23-29

7 Mt 26.29; 1Co 11.26-28; At 2.42; 20.4-8



X- O Dia do Senhor

O domingo, dia do Senhor, é o dia do descanso cristão satisfazendo plenamente a exigência divina e a necessidade humana de um dia em sete para o repouso do corpo e do espírito.1 Com o advento do cristianismo, o primeiro dia da semana passou a ser o dia do Senhor, em virtude de haver Jesus ressuscitado neste dia.2 Deve ser para os cristãos um dia de real repouso em que pela, freqüência aos cultos nas igrejas e pelo maior tempo dedicado à oração, à leitura bíblica e outras atividades religiosas eles estarão se preparando para “aquele descanso que resta para o povo de Deus”.3 Nesse dia os cristãos devem abster-se de todo trabalho secular, excetuando aquele que seja imprescindível e indispensável à vida da comunidade. Devem também abster-se de recreações que desviem a atenção das atividades espirituais.4



1 Gn 2.3; Ex 20.8-11; Is 58.13-14

2 Jo 20.1,19,26; At 20.7; Ap 1.10

3 Hb 4.9-11; Ap 14.12,13

4 Ex 20.8-11; Jr 17.21,22,27; Ez 22.8



XI- Ministério da Palavra

Todos os crentes foram chamados por Deus para a salvação, para o serviço cristão, para testemunhar de Jesus Cristo e promover o seu reino, na medida dos talentos e dos dons concedidos pelo Espírito Santo.1 Entretanto, Deus escolhe, chama e separa certos homens, de maneira especial, para o serviço distinto, definido e singular do ministério da sua palavra.2 O pregador da palavra é um porta-voz de Deus entre os homens.3 Cabe-lhe missão semelhante àquela realizada pelos profetas do Velho Testamento e pelos apóstolos do Novo Testamento, tendo o próprio Jesus como exemplo e padrão supremo.4 A obra do porta-voz de Deus tem finalidade dupla: a de proclamar as boas novas aos perdidos e a de apascentar os salvos.5 Quando um homem convertido dá evidências de ter sido chamado e separado por Deus para esse ministério, e de possuir as qualificações estipuladas nas Escrituras para o seu exercício, cabe à igreja local a responsabilidade de separá-lo, formal e publicamente, em reconhecimento da vocação divina já existente e verificada em sua experiência cristã.6 Esse ato solene de consagração é consumado quando os membros de um presbitério ou concílio de pastores, convocados pela igreja, impõe as mãos sobre o vocacionado.7 O ministro da Palavra deve dedicar-se totalmente à obra para a qual foi chamado, dependendo em tudo do próprio Deus.8 O pregador do evangelho deve viver do evangelho.9 Às igrejas cabe a responsabilidade de cuidar e sustentar adequada e dignamente seus pastores.10



1 Mt 28.19,20; At 1.8; Rm 1.6,7; 8.28-30; Ef 4.1,4; 2Tm 1.9; Hb 9.15; 1Pe 1.15; Ap 17.14

2 Mc 3.13,14; Lc 1.2; At 6.1-4; 13.2,3; 26.16-18; Rm 1.1; 1Co 12.28; 2Co 2.17; Gl 1.15-17

3 Ex 4.11,12; Is 6.5-9; Jr 1.5-10; At 20.24-28

4 At 26.19,20; Jo 13.12-15; Ef 4.11-17

5 Mt 28.19,20; Jo 21.15-17; At 20.24-28; 1Co 1.21; Ef 4.12-16

6 At 13.1-3; 1Tm 3.1-7

7 At 13.3; 1Tm 4.14

8 At 6.1-4; 1Tm 4.11-16; 2Tm 2.3,4; 4.2,5; 1Pe 5.1-3

9 Mt 10.9,10; Lc 10.7; 1Co 9.13,14; 1Tm 5.17,18

10 2Co 8.1-7; Gl 6.6; Fp 4.14-18



XII- Mordomia

Mordomia é a doutrina bíblica que reconhece Deus como Criador, Senhor e Dono de todas as coisas.1 Todas as bênçãos temporais e espirituais procedem de Deus e por isso devem os homens a ele o que são e possuem e, também, o sustento.2 O crente pertence a Deus porque Deus o criou e o remiu em Jesus Cristo.3 Pertencendo a Deus, o crente é mordomo ou administrador da vida, das aptidões, do tempo, dos bens, da influência, das oportunidades, dos recursos naturais e de tudo o que Deus lhe confia em seu infinito amor, providência e sabedoria.4 Cabe ao crente o dever de viver e comunicar ao mundo o evangelho que recebeu de Deus.5 As Escrituras Sagradas ensinam que o plano específico de Deus para o sustento financeiro de sua causa consiste na entrega pelos crentes de dízimos e ofertas alçadas.6 Devem eles trazer à igreja sua contribuição sistemática e proporcional com alegria e liberdade, para o sustento do ministério, das obras de evangelização, beneficência e outras.7



1 Gn 1.1; 14.17-20; Sl 24.1; Ec 11.9; 1Co 10.26

2 Gn 14.20; Dt 8.18; 1Cr 29.14-16; Tg 1.17; 2Co 8.5

3 Gn 1.27; At 17.28; 1Co 6.19,20; Tg 1.21; 1Pe 1.18-21

4 Mt 25.14-30; 31.46

5 Rm 1.14; 1Co 9.16; Fp 2.16

6 Gn 14.20; Lv 27.30; Pv 3.9,10; Ml 3.8-12; Mt 23.26

7 At 11.27-30; 1Co 8.1-3; 2Co 8.1-15; Fp 4.10-18



XIII- Evangelização e Missões

A missão primordial do povo de Deus é a evangelização do mundo, visando à reconciliação do homem com Deus.1 É dever de todo discípulo de Jesus Cristo e de todas as igrejas proclamar, pelo exemplo e pelas palavras, a realidade do evangelho, procurando fazer novos discípulos de Jesus Cristo em todas as nações, cabendo às igrejas batizá-los a observar todas as coisas que Jesus ordenou.2 A responsabilidade da evangelização estende-se até aos confins da terra e por isso as igrejas devem promover a obra de missões, rogando sempre ao Senhor que envie obreiros para a sua seara.3



1 Mt 28.19,20; Jo 17.30; At 1.8; 13.2,3

2 Mt 28.18-20; Lc 24.46-49; Jo 17.20

3 Mt 28.19; At 1.8; Rm 10.13-15



XIV- Educação Religiosa

O ministério docente da igreja, sob a égide do Espírito Santo, compreende o relacionamento de Mestre e discípulo, entre Jesus Cristo e o crente.1 A palavra de Deus é o conteúdo essencial e fundamental nesse processo e no programa de aprendizagem cristã.2 O programa de educação religiosa nas igrejas é necessário para a instrução e desenvolvimento de seus membros, a fim de “crescerem em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”. Às igrejas cabe cuidar do doutrinamento adequado dos crentes, visando à sua formação e desenvolvimento espiritual, moral e eclesiástico, bem como motivação e capacitação sua para o serviço cristão e o desempenho de suas tarefas no cumprimento da missão da igreja no mundo.3



1 Mt 11.29,30; Jo 13.14-17

2 Jo 14.26; 1Co 3.1,2; 2Tm 2.15

3 Sl 119; 2Tm 3.16,17; Cl 1.28; Mt 28.19,20



XV- Liberdade Religiosa

Deus e somente Deus é o Senhor da consciência.1 A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais do homem, inerente à sua natureza moral e espiritual.2 Por força dessa natureza, a liberdade religiosa não deve sofrer ingerência de qualquer poder humano.3 Cada pessoa tem o direito de cultuar a Deus, segundo os ditames de sua consciência, livre de coações de qualquer espécie.4 A igreja e o Estado devem estar separados por serem diferentes em sua natureza, objetivos e funções.5 É dever do Estado garantir o pleno gozo e exercício da liberdade religiosa, sem favorecimento a qualquer grupo ou credo.6 O Estado deve ser leigo e a Igreja livre. Reconhecendo que o governo do Estado é de ordenação divina para o bem-estar dos cidadãos e a ordem justa da sociedade, é dever dos crentes orar pelas autoridades, bem como respeitar e obedecer às leis e honrar os poderes constituídos, exceto naquilo que se oponha à vontade e à lei de Deus.7



1 Gn 1.27; 2.7; Sl 9.7-8; Mt 10.28; 23.10; Rm 14.4; 9,13; Tg 4.12

2 Js 24.15; 1Pe 2.15,16; Lc 20.25

3 Dn 3.15-18; Lc 20.25; At 4.9-20; 5.29

4 Dn 3.16-18; 6; At 19.35-41

5 Mt 22.21; Rm 13.1-7

6 At 19.34-41

7 Dn 3.16-18; 6.7-10; Mt 17.27; At 4.18-20; 5.29; Rm 13.1-7; 1Tm 2.1-3



XVI- Ordem Social

Como o sal da terra e a luz do mundo, o cristão tem o dever de participar em todo esforço que tende ao bem comum da sociedade em que vive.1 Entretanto, o maior benefício que pode prestar é anunciar a mensagem do evangelho; o bem-estar social e o estabelecimento da justiça entre os homens dependem basicamente da regeneração de cada pessoa e da prática dos princípios do evangelho na vida individual e coletiva.2 Todavia, como cristãos, devemos estender a mão de ajuda aos órfãos, às viúvas, aos anciãos, aos enfermos e a outros necessitados, bem como a todos aqueles que forem vítimas de quaisquer injustiça e opressões.3 Isso faremos no espírito de amor, jamais apelando para quaisquer meios de violência ou discordantes das normas de vida expostas no Novo Testamento.4



1 Mt 5.13-16; Jo 12.35-36; Fp 2.15

2 Mt 6.33; Mc 6.37; Lc 10.29-37

3 Ex 22.21,22; Sl 82.3,4; Ec 11.1,2

4 Is 1.16-20; Mq 6.8; Mt 5.9



XVII- Família

A família, criada por Deus para o bem do homem, é a primeira instituição da sociedade. Sua base é o casamento monogâmico e duradouro, por toda a vida, só podendo ser desfeito pela morte ou pela infidelidade conjugal.1 O propósito imediato da família é glorificar a Deus e prover a satisfação das necessidades humanas de comunhão, educação, companheirismo, segurança, preservação da espécie e bem assim o perfeito ajustamento da pessoa humana em todas as suas dimensões.2 Caída em virtude do pecado, Deus provê para ela, mediante a fé em Cristo, a bênção da salvação temporal e eterna, e quando salva poderá cumprir seus fins temporais e promover a glória de Deus.3



1 Gn 1.7; Js 24.15; 1Rs 2.1-3; Ml 2.1

2 Gn 1.28; Sl 127.1-5; Ec 4.9-13

3 At 16.31,34



XVIII- Morte

Todos os homens são marcados pela finitude, de vez que, em conseqüência do pecado, a morte se estende a todos.1 A Palavra de Deus assegura a continuidade da consciência e da identidade pessoais após a morte, bem como a necessidade de todos os homens aceitarem a graça de Deus em Cristo enquanto estão neste mundo.2 Com a morte está definido o destino eterno de cada homem.3 Pela fé nos méritos do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, a morte do crente deixa de ser tragédia, pois ela o transporta para um estado de completa e constante felicidade na presença de Deus. A esse estado de felicidade as Escrituras chamam “dormir no Senhor”.4 Os incrédulos e impenitentes entram, a partir da morte, num estado de separação definitiva de Deus.5 Na Palavra de Deus encontramos claramente expressa a proibição divina da busca de contato com os mortos, bem como a negação da eficácia de atos religiosos com relação aos que já morreram.6



1 Rm 5.12; 1Co 15.21-26; Hb 9.27; Tg 4.14

2 Lc 16.19-31; Hb 9.27

3 Lc 16.19-31; 23.39-46; Hb 9.27

4 Rm 5.6-11; 14.7-9; 1Co 15.18-20; 2Co 5.14,15; Fp 1.21-23; 1Ts 4.13-17; 2Tm 2.11

5 Lc 16.19-31; Jo 5.28,29

6 Ex 22.18; Lv 19.31; 20.6,27; Dt 18.10; 1Cr 10.13; Is 8.19; Jo 3.18



XIX- Justos e Ímpios

Deus, no exercício de sua sabedoria, está conduzindo o mundo e a história a seu termo final.1 Em cumprimento à sua promessa, Jesus Cristo voltará a este mundo, pessoal e visivelmente, em grande poder e glória.2 Os mortos em Cristo serão ressuscitados, arrebatados e se unirão ao Senhor.3 Os mortos sem Cristo também serão ressuscitados.4 Conquanto os crentes já estejam justificados pela fé, todos os homens comparecerão perante o tribunal de Jesus Cristo para serem julgados, cada um segundo suas obras, pois através destas é que se manifestam os frutos da fé ou os da incredulidade.5 Os ímpios condenados e destinados ao inferno lá sofrerão o castigo eterno, separados de Deus.6 Os justos, com os corpos glorificados, receberão seus galardões e habitarão para sempre no céu como o Senhor.7



1 Mt 13.39,40; 28.20; At 3.21; 1Co 15.24-28; Ef 1.10

2 Mt 16.27; Mc 8.38; Lc 17.24; 21.27; At 1.11; 1Ts 4.16; 1Tm 6.14,15; 2Tm 4.1,8

3 Dn 12.2,3; Jo 5.28,29; Rm 8.23; 1Co 15.12-58; Fp 3.20; Cl 3.4

4 Dn 12.2; Jo 5.28,29; At 24.15; 1Co 15.12-24

5 Mt 13.49,50; At 10.42; 1Co 4.5; 2Co 5.10; 2Tm 4.1; Hb 9.27; 2Pe 2.9

6 Dn 12.2,3; Mt 16.27; Mc 9.43-48; Lc 16.26-31; Jo 5.28,29; Rm 6.22,23

7 Dn 12.2,3; Mt 16.27; 25.31-40; Lc 14.14; 16.22,23; Jo 5.28,29; 14.1-3; Rm 6.22,23; 1Co 15.42-44; Ap 22.11,12